Sem prejuízo ao direito de presunção de inocência dos ora indiciados pela Polícia Federal, e acrescida a essencial verificação do conjunto de provas materiais acerca da suposta organização e intenção criminosa, reproduzo alguns títulos e parágrafos de meus artigos, que guardam relação comportamental.

Sincericídio, em 13 de agosto de 2019. “Pode ser sinceridade demais e efeito colateral do poder. Mas tudo indica que é uma combinação e exercício de estupidez e ignorância. Refiro-me, óbvio, à diarreia verbal do presidente Bolsonaro. (…)

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Urgentemente, alguém próximo precisa lhe explicar que sua palavra representa o poder de estado. Que uma declaração pode gerar responsabilidades e produzir efeitos jurídicos. Que a função pública tem ônus que se impõem para além da pessoa e da própria fala.”

A desordem em construção, em 14 de julho de 2021. “A última do Senado: uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)… sempre há algo mais a acrescentar nesta receita melancólica. E o ingrediente mais recente ficou a cargo do Alto Comando das Forças Armadas.

Não bastasse a inconveniente participação militar no entorno governamental, para muito além do razoável e compreensível, ensejando previsíveis riscos à credibilidade de suas funções de estado (…)
Dado e corroborado esse sinal negativo (não punição de Pazzuelo, que participara de evento político), não será surpresa o surgimento de novos casos de insubordinação nos quartéis.”

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Sujeito oculto, em 9 de novembro de 2022. “A verdade é que em tempo algum um candidato produziu tanta munição em favor de adversários. O próprio Bolsonaro foi o maior cabo eleitoral de Lula. (…),
Sem contar o histórico parlamentar intempestivo e agressivo, ratificado com as reverências ao coronel (e torturador) Brilhante Ustra, o que por si só já bastaria para encerrar a carreira, Bolsonaro produziu incontáveis barbaridades durante o mandato.”

Constrangimento, em 9 de novembro de 2022. “Basta. As Forças Armadas já se envolveram demasiada e indevidamente no presente processo político-eleitoral. Afinal, as eleições são civis, ideológicas e periódicas. Aos militares cabem as tarefas permanentes de Estado.”

O Incrível Exército de Brancaleone, em 11 de fevereiro de 2024. “E ‘a cereja no bolo’ dessa insana mobilização popular, não importam a natureza dos argumentos difundidos e das suspeitas sugeridas, consolidou-se com os acampamentos em frente aos quartéis.

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A inocência e a primariedade dos atos de mobilização e de concentração popular resultaram num misto de comoção e incredulidade, haja vista a evidente irracionalidade em curso e a incompreensão das infrações legais exercitadas e propostas. Mas como tudo pode piorar, o ‘cercadinho’ do presidente Bolsonaro foi além do popular e arregimentou personagens institucionais no afã de criar um conjunto de narrativas e circunstâncias que lhe favorecessem na perspectiva de uma continuidade de poder. Ainda que às avessas!

Em resumo, quando os conselheiros presidenciais se comportam como revolucionários de centro acadêmico e de mesa de botequim, em modo ópera bufa, é como se estivéssemos vendo O Incrível Exército de Brancaleone. Sátira do cinema italiano (1966), esse filme retrata um cavaleiro medieval que lidera um pequeno e esfarrapado exército em busca de um feudo. Em Portugal, o filme foi intitulado como O Capitão Brancaleone.”

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O Brasil é previsível desde sempre. Desde a fundação. Hoje é Bolsonaro de novo, ontem foi Lula e a incomparável Janja. Bem, o orwelliano e plenipotenciário Moraes tem se mantido na fila. Até quando?!

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Paula Appolinario

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Paula Appolinario

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