Quase todas as manhãs tenho um papo interessante com a faxineira na redação. Ela sempre tem assuntos relevantes a comentar, e isto não ocorre por acaso. Ela é uma leitora assídua, desde a infância, quando juntava ossos para vender e, assim, poder comprar revistas de quadrinhos. Não chegou a avançar no estudo formal, porque não foi possível, mas lhe caíram fundo na alma as palavras ditas por um professor que teve no quarto ano primário, ao lhe dizer: “Não precisa necessariamente fazer faculdade, mas se ler terá cultura”. Hoje, Cláudia Lopes, 52 anos de idade, há 20 viúva, aposentada após 30 anos de trabalho em indústria de cigarros, ainda atua em faxinas enquanto precisa auxiliar seu filho a pagar a faculdade.
Diz que está bem na vida, principalmente porque é “rica em cultura”. Menciona que pode falar com as pessoas sobre os mais diversos assuntos e muitos lhe perguntam: “Como a senhora sabe disso?”, ao que responde com orgulho: “Eu leio!”. A leitora acentua ainda que os livros e outras leituras, como o jornal, lhe fazem companhia e muito bem, em todos os sentidos. “Para mim, é um grande prazer a leitura diária, que me preenche da melhor maneira o tempo ocioso e me faz adquirir conhecimento sobre os mais diversos temas, além de viver e viajar nas histórias dos personagens dos livros”, afirma. “Eu amo ler, a leitura é tudo para mim”, completa.
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Esse depoimento vem a corroborar a relevância da leitura num momento em que muitos são levados pelas facilidades tecnológicas e se contentam com vídeos, imagens e áudios, que lhes proporcionam apenas conhecimentos superficiais e deixam de absorver toda riqueza que traz a leitura mais imersiva e rotineira. De outro lado, há ainda uma parcela considerável que descobriu e continua a descobrir a beleza de ler. É oportuno também tratar do assunto quando se está às vésperas de mais uma Feira do Livro em nossa cidade (a 35ª, entre os dias 29 de abril e 5 de maio próximos, na Praça Getúlio Vargas), que tem um slogan chamativo: “Abra livros, abra o mundo”, convidando mais gente a sentir este prazer de viajar e se informar pelas publicações literárias, além de usufruir tantos outros benefícios que esse hábito propicia.
Se não bastasse o exemplo dado pela leitora citada, vale referir ainda incontáveis declarações e comprovações de organismos educacionais e inclusive de saúde, para reiterar tudo o que pode representar o ato de ler. É unânime o entendimento de que esse ato estimula a concentração, o raciocínio e a criatividade, melhora o vocabulário e a escrita, desenvolve o pensamento e o senso crítico. Além do aprendizado e prazer que oferece, um aspecto é enfatizado: o cérebro é o órgão mais exercitado durante a prática, que faz bem à saúde, pois exercita a memória e ativa regiões do cérebro responsáveis por funções cognitivas, ajudando a prevenir doenças neurodegenerativas. Da mesma forma, contribui para a redução da ansiedade e do estresse (estudo universitário internacional concluiu que reduz os seus níveis em 68%), além de promover o relaxamento e uma melhor qualidade do sono.
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Por tudo isso, é salutar sob todos os aspectos reincentivar o ato de ler. Que esta reflexão e os lembretes possam somar para estimular cada vez mais os que já leem e fazer com que consigam convencer mais pessoas a aderirem a essa saudável prática. Por certo, isso ajudará a abrir um mundo melhor, a partir de cada leitor e do meio em que vivemos.
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