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O aprendizado das urnas

Passado o pleito – são apenas cinco no Rio Grande do Sul com segundo turno –, resta o balanço dos resultados. Para os eleitos, a sensação é de euforia. Os que não lograram êxito experimentam um misto de revolta e decepção. “Política não é para fracos”, reza o velho ditado para mostrar que a lógica nem sempre explica os fenômenos eleitorais.

As eleições sofreram inúmeras mudanças nos últimos anos, fruto de várias “minirreformas”, mas que não alteram o principal. Neste ano, a pandemia agravou as dificuldades dos candidatos sem mandato, apesar dos generosos recursos do fundo partidário.

As restrições reduziram o corpo a corpo típico das campanhas. O uso massivo das redes sociais tirou o humanismo da disputa. Ruas lotadas, bandeiraços e ruidosas carreatas são cenários do passado. Neste ano, romper a bolha para se tornar conhecido exigiu criatividade e persistência.

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Outro agravante foi o período reduzido da campanha – em torno de 45 dias –, muito diferente de outros anos. Na década de 1990 tínhamos quase dois meses de agitação, com milhares de pessoas ocupadas. Também aqui há prejuízos para os candidatos desconhecidos.

Já escrevi que tenho enorme admiração por aqueles que saíram da zona de conforto para concorrer. Deixaram horas de lazer, com familiares e amigos, e merecem reconhecimento. Com a demonização da política – a grande mídia não encontra bons exemplos na atividade –, não é fácil encontrar voluntários. Ninguém gosta de ser chamado de corrupto e ladrão numa generalização injusta.

É duro apelar à compreensão dos derrotados. Eles nutrem um sentimento de ingratidão, mas é preciso lembrar que acima das frustrações está a comunidade. Respeitar a vontade popular é um exercício doloroso, que exige resiliência. Perdi várias eleições como assessor/coordenador de comunicação. Pleitos em que a vitória era questão de tempo, mas as urnas mostraram o contrário.

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Também participei de pelo menos dois pleitos majoritários em que o êxito parecia uma miragem. A campanha, porém, mudou os desígnios da disputa, resultando na grande inesperada comemoração. O êxito inebria, o fracasso fortalece, ensina, previne a soberba, apesar do sofrimento.

Perder e ganhar faz parte do jogo eleitoral, nem sempre é coerente com a realidade ou com os nossos desejos. A vontade popular é um intrincado conjunto de sensações onde a experiência de vida e a sensibilidade variam entre os eleitores. Não existem fórmulas prontas. É preciso uma aguçada capacidade de observação para flagrar as mudanças até o dia da eleição para evitar surpresas, decepções.

Resta cumprimentar os eleitos. Para os demais, fiscalizar e assimilar as lições para o próximo desafio das urnas. Afinal, daqui a quatro anos o eleitor terá uma nova oportunidade para confirmar ou renovar as suas opções.

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