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O ano em que o Juventude venceu gigantes do futebol brasileiro

Por 44 anos, o Campeonato Gaúcho de Futebol teve apenas dois campeões. Foram quase cinco décadas de domínio absoluto de Grêmio e Internacional. Nesse período,o futebol do interior não conseguiu mais do que vice-campeonato. Diversas equipes tentaram, mas somente uma conseguiu quebrar essa longa hegemonia da dupla Gre-Nal. Estamos falando do Esporte Clube Juventude.

O time caxiense, a partir daquele momento, se colocava como a terceira força do Rio Grande, com o objetivo de fazer frente a dupla Gre-Nal. Mas foi com o lado vermelho de Porto Alegre que o Alviverde desenvolveu uma rivalidade maior. Que, em 10 anos, foi da touca verde ao histórico 8 a 1.

Para contar essa história, é preciso voltar um pouco no tempo. Entre esta sexta-feira, 29, e o próximo domingo, 1º, o Portal Gaz traz três reportagens sobre essa rivalidade, que marcou as torcidas de Inter e Juventude durante quase duas décadas. Nesta sexta, a matéria contou como foi a rápida ascensão do Juventude no início dos anos 1990, impulsionado por uma milionária parceria.
 
Sexta-feira (29 de abril) – O surgimento de uma nova força no RS
Sábado (30 de abril) – A touca verde
Domingo (1º de maio) – A goleada histórica e os dias atuais

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A touca verde

Campeão gaúcho em 1994 com certa folga e grande vantagem sobre o rival Grêmio, o Inter de Cláudio Duarte teve uma prévia do que teria pela frente nos anos seguintes justamente naquelec ampeonato. Nos dois confrontos contra o Juventude, um empate em Caxias do Sul e uma derrota em pleno Beira-Rio, já na reta final do torneio. A confirmação de que o Papo seria um adversário a altura viria no ano seguinte. E de uma maneira nada agradável.

Num intervalo de 20 dias, duas vitórias com autoridade do Juventude sobre o Inter: um 2 a 0 no Beira-Rio e um inapelável 5 a 1. Não à toa, o Papo teve a melhor campanha da primeira fase do Estadual, enquanto o Colorado cambaleou durante boa parte da competição. Entre 1993 e 1995, o Juventude acumulou uma inédita invencibilidade de oito jogos contra a equipe da capital. Sequência quebrada no Gauchão de 1996, com triunfo colorado.
 
Acostumados a se enfrentar no Gauchão, Inter e Juventude passaram a duelar também no Brasileirão. E, nos três primeiros encontros, três vitórias alviverdes, confirmando o bom momento da equipe da Serra Gaúcha. Apenas em 1998 o Colorado venceu na competição nacional. Mas foi exatamente este o ano do “primeiro ato” da touca verde. A fama de carrasco já estava consolidada pelos lados de Caxias do Sul.

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Junto com o Grêmio, Inter e Juventude entraram apenas na segunda fase do Gauchão. Depois de passarem com tranqüilidade em seus grupos, Juventude e Inter também não encontraram dificuldades nas quartas de final, para baterem Glória e São Luiz, respectivamente. Na semifinal, o Colorado atropelou o Veranópolis, enquanto o Papo encontrou dificuldades, mas eliminou o Brasil de Pelotas. As duas equipes estavam na decisão.

No jogo de ida, no Alfredo Jaconi, brilhou a estrela de Flávio. O atacante balançou as redes duas vezes, após Christian abrir o placar para o Inter. Lauro ainda marcou o terceiro. A vitória por 3 a 1 não surpreendeu, tamanha a autoridade com que o Alviverde se impôs. No Beira-Rio, a equipe comandada por Lori Sandri segurou o 0 a 0 sem maiores dificuldades e fez história. Depois de 44 anos, um time campeão gaúcho sem ser Grêmio ou Inter. A festa foi enorme em Caxias do Sul.

Mas foi em 1999 que o confronto ganhou ares de freguesia. Num ano histórico, o Juventude eliminou gigantes do futebol brasileiro para conquistar a Copa do Brasil. Fluminense, Corinthians, Bahia e Botafogo (na final) foram algumas das vítimas. A classificação que fica na memória, porém, foi a da semifinal. E novamente contra o Inter. 

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O empate sem gols em Caxias do Sul animou o Colorado, que buscava um grande título no ano em que comemorou 90 anos de história. Em vão. Quase 70 mil torcedores superlotaram o Beira-Rio. Muita gente não conseguiu ingresso e ficou do lado de fora do estádio. O jogo teve muita confusão nas arquibancadas, briga entre torcedores e policiais e gols. Quatro gols, todos do Juventude. Marcos Teixeira, Márcio Mexerica, Mabília e Capone foram os autores de um 4 a 0 que até hoje não sai da memória da torcida alviverde. Definitivamente, o time virou a touca verde do Inter.

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