Guiada pelas estrelas, sei de você. O amor é um ato de fé, ou não é amor.” Essa curta passagem, quase um aforismo (um entre tantos outros, igualmente compactos e certeiros, ao longo de todo o volume), é, em grande medida, a síntese perfeita de Como se o brinco fosse um mamilo, novo livro da escritora gaúcha Lélia Almeida, lançado pela editora porto-alegrense Casa Verde, em 97 páginas, a R$ 44,00.
A obra como um todo é uma celebração do amor, com a convicção de que viver na plenitude o sentimento, de corpo e alma, atribui sentido à existência. Tem-se uma prosa poética marcada por definições apaixonadas, num diálogo amoroso do qual se salienta que jamais pode haver receio, mesmo que a mulher que narra intua que desse sonho em algum momento se acaba por acordar (e quem convenceria o amante a não sonhar?). O que seria da vida sem a fé nesse amor, dure ele o tempo que durar?
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Natural de Santa Maria, Lélia cresceu em Santana do Livramento, e a essa região homenageou em uma encantadora novela, Senhora Sant’Ana, lançada em formato pocket, quase de cartilha ou breviário, em 1995, pela Edunisc. Sua estreia ocorrera em 1987, com a novela Antônia, que mereceu acolhida calorosa de crítica e de leitores. Quando lançou Senhora Sant’Ana, Lélia já estava radicada em Santa Cruz do Sul, onde lecionou junto ao Curso de Letras da Unisc.
Posteriormente, ela morou por uma temporada em Brasília, cidade na qual se inicia o enredo de seu novo livro. Atualmente, reside em Porto Alegre, onde dá continuidade a sua produção literária.
Fragmentos de um breviário amoroso
A concisão (um breviário do amor) é uma marca do novo livro de Lélia Almeida, na verdade uma nova (e delicada) apresentação para conteúdo que ela já havia inserido em volume anterior. A obra compõe-se de duas partes: na primeira, nomeada com o próprio título do livro, a narradora descreve o intenso idílio amoroso que vivencia em Porto Alegre, tendo chegado de Brasília.
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Dos encontros presenciais, os amantes seguem o relacionamento de maneira virtual. Em trocas de mensagens, as urgências de ambos são compartilhadas em meio a compromissos que os mantêm afastados, inclusive em países diferentes.
As lembranças dos momentos em que estiveram juntos pairam em cada palavra, em frases intensas nas quais o amor (ou a falta dele) grita. Invade os sonhos, alimenta pesadelos. “Acordo com teu riso que enche o meu quarto, fantasmagorias de ausência”, anuncia a narradora numa página; “Noite chuvosa na cidade estrangeira, uma cidade sob névoas no meu sonho agitado, vou perdida, peregrina de ti”, confessa em outra.
A segunda parte é nomeada justamente de “O Livro dos Sonhos”, nesse intertexto com os tentáculos que o amor estendeu para todos os recantos de sua alma (e fixou morada no coração).
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