O alimento que nos alimenta

Consumo carne com parcimônia. Até porque os alimentos muito presentes em minha vida, desde criança, são leite, ovos, legumes e frutas. Cuido da procedência dos alimentos que ofereço ao meu corpo. Tarefa nada fácil. Leite procuro comprar de fonte identificada; ovos e diversas frutas o pomar me oferece. Nele, além das frutíferas, vivem pássaros e galinhas felizes. Além disso, me valho de nossas feiras orgânicas. Mais problemático é no mercado. Sobre a maioria dos alimentos frescos, ou congelados, faltam informações acerca de sua procedência e manejo. As frutas e os legumes foram produzidos sem agrotóxicos? O milho verde, cultivado na resteva do tabaco, está livre dos venenos residuais, após o cultivo do tabaco? É transgênico ou não?

Numa embalagem de peixe marinho congelado li que fora produzido em Caxias do Sul. Como assim? Também sobre o peixe Pangassius pouco é divulgado pela grande mídia. Num documentário estrangeiro mostraram que o panga, em grande medida, procede do Vietnã, onde é criado no delta do Mekong, em condições extremamente insalubres; que este peixe come de tudo, inclusive animais mortos, em avançado estado de putrefação. Em outro documentário foi mostrada a criação de salmão no Chile. Em enormes gaiolas dentro do mar, em quantidade tão grande, que mal se podiam mover. Um esbarrando no outro, o que resultava em feridas e doenças. Para resolver, recebiam grande quantidade de antibióticos. Soube que no Chile há criadores procedentes da Noruega. Que em seu país de origem também criavam salmão, mas em condições menos agressivas, obedecendo a normas impostas pelos noruegueses.

Encontro também dificuldades para obter informações sobre as carnes vendidas em açougues. Em diferentes locais, questionei açougueiros sobre a procedência da carne que vendiam. Eu queria saber como havia sido a vida, da vida sacrificada para ser oferecida de alimento a nossas vidas. Como havia sido criado e mantido o animal de criação, cuja carne vendiam. Se as aves, o gado, os porcos tiveram vida confinada ou se viveram soltos. Enfim, eu queria saber se os animais haviam sido criados em condições dignas, adequadas ao seu bem-estar; se foram tratados com alimentos naturais, se foram abatidos sem dor. Nos açougues me informam o nome do frigorífico fornecedor. E estes, sabem como viveu e foi tratado o animal, que compram para o abate? Se sabem, por que estas informações não são fornecidas a quem vende a carne?

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Outro dia comentei com um conhecido sobre isso e a pessoa me disse que era melhor não saber, do contrário não comeria mais carne. Bem, se não nos interessa, ou não procuramos saber sobre a vida, daquela vida que nos é oferecida de alimento, estamos sendo coniventes com o tratamento que recebeu em vida.

Você, meu leitor, se importa com o tratamento ou a dor do ser, de cuja carne você se alimenta? Então há de concordar comigo que não somente os animais de estimação, mas também os animais de criação, merecem ter uma vida digna. Haverá de também querer saber sobre sua alimentação, seu espaço de vida, do atendimento à sua necessidade de descanso, de contato com a natureza e com os seus companheiros. E, naturalmente, lhe interessa saber que o manejo não lhes impõe machucados nem dor e que o abate é feito de forma indolor e sem estresse. Vida digna todos os animais merecem, de acordo com as necessidades e especificidades de cada espécie.

Sei que isto não é fácil de ser alcançado na criação em massa. Mas esta deve ser repensada em nome da qualidade de vida dos animais e, também, em nome da qualidade dos alimentos que consumimos.

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caroline.garske

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caroline.garske

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