Moradores mais idosos ainda lembram das nuvens de gafanhotos que assolaram Santa Cruz do Sul em meados do século passado. A primeira passagem foi na primavera de 1945. Depois, repetiu-se em 1947 e 1948, trazendo prejuízos incalculáveis aos agricultores.
Em 19 de agosto de 1947, a Gazeta noticiou que, “nas últimas semanas, tornou-se acontecimento quase diário a passagem de nuvens compactas de gafanhotos pelo município.” Menos de uma semana depois, nova matéria contava que uma gigantesca onda atingiu a cidade. De todos os distritos, vinham notícias de prejuízos nas lavouras e pomares.
Para amenizar os problemas, o governador Walter Jobim enviou uma equipe de 50 homens para ajudar os colonos a combater os acrídeos. Eles contavam com um lança-chamas com alcance de 25 metros, para proteger as plantações na região de Trombudo (Vale do Sol) e arredores. O “prato predileto” eram as lavouras de trigo.
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Depois de um período de calma, em janeiro de 1948 os gafanhotos voltaram, gerando pavor em localidades como Linha Sítio, Dona Carlota, Cerro Alegre e outros. O senador gaúcho Salgado Filho relatou o prejuízo dos colonos de Santa Cruz, Venâncio Aires, Lajeado e Sobradinho no Congresso.
Em reportagem feita em 2004, pessoas contaram à Gazeta do Sul os dramas que vivenciaram. Oswaldo Adiers lembrou que na propriedade do pai sobraram dois pés de laranja umbigo, que foram providencialmente cobertos com os lençóis da cama. Thereza Bertó disse que os irmãos usavam panos amarrados em taquaras para espantar os insetos da lavoura de feijão. Mas, mal saíam dali, atacavam o milharal.
Estudos concluíram que a praga era proveniente da fronteira. Somente após um combate integrado, o problema foi superado.
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Fonte: Arquivo da Gazeta do Sul
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