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Números da aids na região são preocupantes, diz coordenadora do Cemas

Nesta terça-feira, 1°, foi o Dia Mundial de Luta contra a Aids. A data foi marcada em Santa Cruz do Sul por uma campanha de conscientização. Um grupo de 15 pessoas do Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas), com o apoio de alunas dos cursos de Enfermagem, Psicologia e Serviço Social da Unisc, passou pelas ruas Marechal Floriano e Tenente Coronel Brito, no Centro, para entregar preservativos e material informativo.

De acordo com a enfermeira coordenadora do Cemas, Micila Chielle, os números da Aids na região são preocupantes. Tanto em 2019 como em 2020, são dez casos novos por mês. Ela avalia que o crescimento se deve ao diagnóstico precoce. “Não podemos garantir que o número de casos aumentou. O que aconteceu é a maior procura por testes nos últimos anos, o que levou a uma maior confirmação”, explica.

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Chielle esclarece que, em caso de exposição de risco – como relação sexual sem preservativo –; rompimento do preservativo ou acidentes de trabalho com materiais perfurocortantes, por exemplo, a pessoa deve fazer a profilaxia pós-exposição em até 72 horas, o que reduz o risco de contaminação.

“No teste rápido, não vai aparecer se a pessoa está com o vírus HIV. Mas é importante fazer até para saber se não tinha uma infecção sexualmente transmissível (IST) pregressa”, sublinha. Em 30 dias, período de janela imunológica, é necessário repetir os testes para confirmar ou não a contaminação.

Micila: procura por testes aumentou | Foto: Alencar da Rosa


Os testes rápidos ficam prontos em 15 minutos e podem ser realizados em qualquer unidade de saúde. O procedimento serve ainda para diagnóstico de sífilis, hepatite B e hepatite C.

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Chielle orienta a realização dos testes a cada seis meses para quem tem vida sexual ativa. “É importante usar o preservativo sempre. As pessoas precisam conversar mais sobre as questões sexuais. São coisas vivenciadas todos os dias, mas há pouco diálogo. As pessoas precisam conhecer a sorologia de seus parceiros”, comenta. “Se for o caso de uma parceria fixa e ambos optarem por não usar preservativo, precisam ter uma conversa franca e fazer os testes rápidos com maior frequência.”

O tratamento com antirretrovirais – entre dois e três comprimidos diários – é coberto totalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e garantido por lei. Chielle aponta que a qualidade de vida dos soropositivos melhorou muito ao longo dos anos, mas que não dá para ser definida como totalmente normal.

“É uma doença crônica, as pessoas precisam tomar medicamentos fortes, podem sofrer com o preconceito. Acabam vivenciando uma série de situações que eu não definiria como normal. Por isso, a prevenção é fundamental”, enfatiza. A enfermeira também alerta para a transmissão das hepatites B e C, em que o contágio é mais fácil do que o HIV, por meio de alicates de unha, por exemplo, mas que pode resultar em câncer de fígado, cirrose e outros problemas.

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Equipe do Cemas e alunas na Unisc foram às ruas ontem para distribuir material | Foto: Alencar da Rosa

Sífilis também causa apreensão

Micila Chielle informa que recebeu 19 casos positivos de sífilis nos testes de novembro realizados por apenas um laboratório de Santa Cruz do Sul. O exemplo dá uma noção do quanto a doença está presente e é motivo de atenção da população. “É uma doença grave, que tem força para deixar sequelas. Gestantes podem ter sérios problemas. Sem tratamento, há risco de as pessoas desenvolverem a neurossífilis, que atinge o cérebro, meninges e medula”, esclarece.

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Além do contágio por relação sexual, ela pode ser passada adiante pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou da mãe para o bebê, durante a gestação ou o parto. O tratamento é simples. Depois do diagnóstico, conforme a etapa da doença, a pessoa precisa de injeções de penicilina de uma a três semanas. Quem pegou não tornase imune. Portanto, é essencial se proteger para não sofrer uma reinfecção.

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Números do HIV no Brasil

– 920 mil pessoas vivem com HIV no Brasil: 89% delas foram diagnosticadas e 77% fazem tratamento com antirretroviral. Das que estão em tratamento, 94% não transmitem o HIV por via sexual, por terem atingido carga viral indetectável. Até outubro deste ano cerca de 642 mil pessoas estavam em tratamento com antirretroviral, enquanto em 2018, eram 593 mil.

– Os jovens de 25 a 39 anos, de ambos os sexos, com 492,8 mil registros, concentraram o maior número de casos. Nessa faixa etária, 52% são do sexo masculino e 48%, do feminino.

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– Desde 2012 houve uma diminuição na taxa de detecção de Aids no país. O número passou de 21,9 casos por 100 mil habitantes, em 2012, para 17,8 casos por 100 mil habitantes em 2019, representando um decréscimo de 18,7%. A taxa de mortalidade por Aids também apresentou queda de 17,1% nos últimos cinco anos. Em 2015, foram registrados 12.667 óbitos pela doença e em 2019, 10.565.

Redução no Estado

O Estado apresentou redução de 34,6% nos casos de Aids nos últimos dez anos. Conforme o Boletim Epidemiológico HIV/Aids, do Ministério da Saúde, em 2019 foram registrados 28,3 casos por 100 mil habitantes. É 34,6% menos casos do que o registrado em 2009, com 43,3 por 100 mil habitantes. Outro dado é que o Estado se mantém em terceiro lugar no ranking nacional de casos de Aids no Brasil.

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