Nada menos do que 18,9 mil pessoas que estavam aptas a votar em Santa Cruz do Sul, no último domingo, 2, deixaram de comparecer às urnas. A abstenção de 17,9% foi a maior em eleições gerais no município pelo menos desde 2006, segundo dados da Justiça Eleitoral.
Se consideradas também as eleições municipais – quando são eleitos prefeitos e vereadores –, o percentual de ausências deste ano só não foi maior do que o do pleito de 2020, quando chegou a 21,7%. Na ocasião, porém, quando 22,5 mil eleitores não compareceram, a votação ocorreu em meio a um período mais crítico da pandemia, o que desestimulou parte da população a sair de casa. Em 2006, por exemplo, a abstenção foi de 11,4%.
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A escalada das ausências não é exclusiva de Santa Cruz. No Rio Grande do Sul, o índice chegou a 19,7% no domingo, o maior pelo menos desde 1990. Já no Brasil, a abstenção foi a maior desde 1998 (20,9%). Alguns municípios da região registraram percentuais até superiores ao de Santa Cruz, como Encruzilhada do Sul (19,6%) e Rio Pardo (22,3%).
Conforme o cientista político Carlos Borenstein, da Arko Advice, o fenômeno das abstenções crescentes vem sendo observado no decorrer dos últimos pleitos e está associado à desilusão de uma parcela do eleitorado com a política. “É um eleitor que já votou em vários candidatos e avalia que a vida dele não melhorou, então acaba optando por não votar”, analisa.
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Outro fator é que, embora o voto no Brasil seja obrigatório por lei para quem tem entre 18 e 70 anos, as consequências para quem não vota são pequenas: a multa é de apenas R$ 3,51. Isso, de acordo com o analista, acaba por funcionar como um incentivo ao não comparecimento.
Na avaliação dele, porém, é improvável que os índices de abstenção atinjam patamares elevados a ponto de representar um risco à democracia. Segundo Borenstein, embora muitos países desenvolvidos adotem o voto facultativo e a maioria da população não participe do processo eleitoral, isso pode gerar distorções em termos de representatividade. “No momento em que for facultativo, vão acabar votando apenas setores mais instruídos da sociedade e isso geraria uma elitização das escolhas eleitorais”, comentou.
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Conforme Carlos Borenstein, não é possível afirmar que as abstenções definiram os resultados do primeiro turno, contrariamente ao que apontavam as pesquisas de intenção de voto. Na visão dele, tudo indica que ocorreram movimentos de voto útil nas 48 horas anteriores à votação que elevaram o desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) na corrida presidencial e o de Edegar Pretto (PT) e Onyx Lorenzoni (PL) no Rio Grande do Sul. Ainda segundo ele, como as abstenções são mais altas em eleitores com grau de instrução e renda mais baixo, um índice alto de não comparecimento tende a prejudicar mais o ex-presidente Lula (PT).
Já para o segundo turno, a tendência é de que as abstenções tenham um peso maior, uma vez que ambas as disputas serão acirradas. “A abstenção pode ser definidora, dependendo de onde se processar, ou seja, os segmentos que vão ser mais atingidos”, afirmou.
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