Como já acontece em vários países, principalmente da Europa, a série histórica de evolução populacional no Brasil mostra que o ritmo de crescimento da população brasileira é cada vez menor. De 2,99% ao ano, na década de 60, os números relacionados ao Censo de 2022 e divulgados pelo IBGE, em junho de 2023, mostram que o avanço do crescimento populacional ficou, pela primeira vez, abaixo de 1%, precisamente em apenas 0,52%.
Se, numa ponta, cada vez menos crianças nascem, na outra, as pessoas estão vivendo cada vez mais tempo, graças aos avanços da medicina, não só na cura, mas, também, na prevenção de doenças. Além disso, inúmeras campanhas proativas, realizadas por governos e instituições, alertando sobre hábitos nocivos e incentivando a adoção de outros saudáveis, certamente também contribuem para a longevidade das pessoas. Com menor crescimento populacional e maior envelhecimento, há necessidade de pensar e planejar as demandas e necessidades específicas de uma população com mais pessoas acima de 60 anos.
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Um dos problemas que esse descompasso entre menos crianças e mais idosos é que as famílias cada vez menores, com menos filhos, terão dificuldades para cuidar das pessoas com demandas especiais, por problemas de saúde ou decorrentes de limitações físicas e mentais próprias de pessoas de mais idade. Aliás, o problema já existe mesmo em famílias mais numerosas. O cuidado de pais idosos, eventualmente até doentes, geralmente fica a cargo apenas de um ou outro filho. Há alguns anos, numa família com 9 filhos, duas filhas com as quais a senhora idosa morava, procuraram a promotoria pública para denunciar a falta de apoio, não só financeiro, mas de moral e de empatia de vários irmãos e irmãs. A promotora convocou uma reunião dos familiares para discutir e avaliar a situação da matriarca. Infelizmente, talvez por não saber mediar situações da espécie, simplesmente encerrou o processo por entender que a idosa não sofria maus tratos nem corria risco de vida com os cuidados que estava tendo. Além disso, a promotora não fez nenhuma recomendação aos demais filhos e filhas, de certa forma legitimando a omissão deles. Recentemente, uma das filhas que participou da reunião de mediação e que, mesmo sendo ministra de igreja que gostava de falar da “Mãezinha do céu”, mas que abandonou a sua própria mãe da terra, ao ser questionada sobre o episódio disse que “aquilo foi tratado e encerrado lá na audiência da promotoria pública”.
As mudanças demográficas que o Brasil vem vivendo não aconteceram de forma abrupta, em decorrência de alguma situação extrema como uma guerra, mas desde os anos 80 e 90 o país começou a ter um fenômeno de menos nascimentos e menor mortalidade infantil e maior longevidade.
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É preocupante que, mesmo já existindo estudos que mostrassem que a população brasileira teria um envelhecimento acelerado, o sistema de saúde brasileiro não acompanhou essa demanda e não está preparado para atender a população envelhecida que traz consigo diversos problemas relacionados à saúde, como o aumento de incidência de doenças cardiovasculares, cânceres e demências. Entre os desafios estão a escassez de profissionais especializados e de leitos em instituições de longa permanência ou de reabilitação. Uma pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), divulgada em abril de 2023revelou que apenas 0,7% dos médicos que completaram a residência em 2020, escolheram a especialização em geriatria. Já 9,5% optaram pela especialização em pediatria.
Na edição de agosto de 2023, a revista inglesa The Economist destacou o tema “Vivendo até os 120”. Apesar de atualmente ainda ser algo raro, atingir 120 anos poderá ser realidade em pouco tempo, principalmente com o desenvolvimento da ciência para prolongar a vida.
No Brasil, segundo o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU), a expectativa de vida aumentou 40% nos últimos 60 anos. Enquanto se vivia cerca de 53 anos, atualmente se vive em torno de 74 anos. Nesse ritmo, daqui a 60 anos a expectativa de vida dos brasileiros tende a superar 100 anos.
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Como o Brasil apresenta uma das maiores desigualdades sociais e de renda do mundo, é pouca gente que consegue pagar mensalidades que vão de R$ 5 mil a R$ 15 mil, o que as geriatrias particulares tem cobrado para abrigar idosos. Realmente, independente se são exagerados, ou não, o fato é que são valores fora das condições financeiras da maior parte da população brasileira.
A crescente expectativa de vida muda a relação com as finanças e o tipo de planejamento financeiro. O aumento da longevidade somado à diminuição da natalidade requer uma atenção maior às finanças ao longo da vida. Isso para que, ao se chegar na velhice, não se tenha que depender tanto de governo ou familiares. Como diz Thiago Martello, da Martello EF, “A maior parte das pessoas chega à velhice sem um planejamento relacionado ao dinheiro, o que prejudica, inclusiva, as gerações mais jovens. É normal que pais queiram ajudar seus filhos, mas é importante saber que não dá para doar o que ainda não se tem. O foco principal é aprender educação financeira para cuidar do próprio planejamento financeiro antes. Com isso, os filhos já estarão sendo ajudados.”
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