O aumento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, fez com que o Comitê de Política Monetária (Copom) definisse, na reunião dessa quarta-feira, 8, pelo aumento de 1,5 ponto percentual na taxa Selic. É uma forma de o Banco Central conter a elevação do índice inflacionário, buscando que se enquadre na meta estipulada, que fica em torno de 4,5% ao ano. O acumulado dos últimos 12 meses está em 10,78%. Mas se auxilia por um lado, a medida prejudica por outro, pois desestimula investimentos mais arriscados e aplicações como a caderneta de poupança.
O assessor da Inspira Investimentos, Andrei Buss, explica que os investimentos mais conhecidos dos brasileiros, geralmente, estão atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), que varia em conjunto com a Selic. “Uma Selic maior acaba afetando positivamente a maioria dos investimentos mais conservadores, mas temos que comparar com a inflação”, alerta. Exemplifica que não dá para comemorar o aumento de 5% para 6% de rendimento se a inflação está em 10%.
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No caso específico da poupança, a mais popular das aplicações no Brasil, especialmente entre os que têm o perfil conservador, o aumento da taxa – 7,75% para 9,25% – representa alteração no cálculo de rendimento. Até a decisão, a variação estava vinculada à Selic; agora, passa a render 0,5% mais a Taxa Referencial (TR), que está zerada. “A caderneta, de agora em diante, passa a ter uma taxa de rendimento menos interessante para o aplicador do que tinha até esta quarta-feira, na comparação com outros investimentos que acompanham o CDI e a Selic”, afirma.
Diante dessa mudança, orienta Buss, uma alternativa interessante para quem precisa de liquidez (resgate imediato) é o Tesouro Direto Selic, um título público que acompanha a variação de 100% da taxa. “É considerado o investimento mais seguro de uma economia e permite hoje a possibilidade de resgate diário”, justifica. Também aponta opções como Certificado de Depósito Bancário (CDB) com liquidez diária e rendimento de 100% do CDI. A possibilidade de alongar o prazo de vencimento, no entanto, oportuniza um plus. Os CDBs atrelados à inflação, por exemplo, pagam o IPCA mais 5% ao ano.
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Investidores mais arrojados têm outras alternativas, como o Tesouro Prefixado. “Mas temos que atentar que é um título público, que fica variando até o vencimento”, frisa. Isso quer dizer que, em determinados momentos, poderá ter um rendimento negativo. “Portanto, para alguém mais conservador, seria mais interessante a alocação em CDBs, LCAs e LCIs prefixadas”. O risco em aplicações prefixadas está na possibilidade de a inflação continuar subindo e, por consequência, a Selic e o CDI, podendo ficar acima da taxa prefixada contratada. A expectativa do mercado, porém, é de que a inflação volte ao patamar de 5% no próximo ano, entrando na meta do Banco Central em 2023.
Andrei Buss acredita que a variação da Selic anual, para cima, não deve parar. “Os agentes de mercado, hoje, estimam que teremos mais aumentos. Para o ano que vem, a previsão é de um patamar de 11,5%”, antecipa. A elevação da taxa pode ser mecanismo para conter a inflação, mas afeta de forma negativa a economia. O crédito fica mais caro e restrito, dificultando a vida dos empreendedores. “Um empresário que precisa ampliar a capacidade da sua empresa e necessita de financiamento para isso, com uma taxa de juros mais alta, vai acabar tendo o investimento desestimulado”.
O setor imobiliário também sofre com a Selic alta. As taxas de juros para o crédito imobiliário ficam maiores, o que resulta em aumento do custo dos imóveis para quem precisa de financiamento para a aquisição.
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