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Nova novela das 21h, ‘A Lei do Amor’ resgata heróis em trama política

Depois de três gestões marcadas por superfaturamento em licitações, obras faraônicas e decisões que favoreceram outros políticos, o prefeito de São Dimas decide se redimir e, além de aceitar fazer uma delação premiada, convoca o filho, que vive no exterior, para também ouvir sua confissão. Um atentado, porém, impede o homem de falar, além de deixá-lo em uma cadeira de rodas. Não fosse São Dimas uma cidade fictícia, o enredo acima seria o retrato perfeito da realidade brasileira – na verdade, trata-se de um dos fios condutores de A Lei do Amor, a nova novela das 21h da Globo, que substitui Velho Chico a partir de 3 de outubro.

“Mas não nos inspiramos na Lava Jato, pois começamos a pensar nessa trama antes, em março de 2014”, conta Maria Adelaide Amaral, que escreve a trama novamente ao lado de Vincent Villari “A única referência é que aproveitamos o hábito de a Polícia Federal batizar suas operações e, na nossa novela, ela se chama Operação Bom Ladrão.”

O longo período tem uma explicação – inicialmente, A Lei do Amor estrearia em março passado, mas, por conta do forte teor político e por ser este um ano de eleições municipais, a Globo decidiu adiá-la e antecipar Velho Chico. “O que foi ótimo, pois pudemos aprimorar a história e os personagens, além de resgatar a figura do herói e de falar do amor em vários sentidos”, comenta Villari.

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De fato, foi levantando todas as possibilidades de ação e testando encadeamento da trama que a dupla percebeu a necessidade de um pequeno prólogo para apresentar a história. “O primeiro capítulo é definitivo para cativar a atenção do espectador”, ensina Maria Adelaide, dona de um olhar apurado para detectar temas que comovem o público. Assim, os primeiros quatro capítulos serão ambientados na década de 1990, quando o jovem casal Helô (Isabelle Drummond) e Pedro (Chay Suede) é separado após uma armação. Decepcionado, o rapaz se muda para a Europa, onde se especializa na construção e reparo de barcos.

Passados 20 anos, ele volta a São Dimas a pedido do pai, Fausto Leitão (Tarcísio Meira), dono de uma tecelagem, que se elegeu prefeito e se tornou vítima do atentado ao revelar seu arrependimento pelos atos obscuros tomados em seu governo. Na fase atual, Pedro será vivido por Reynaldo Gianecchini e o personagem tentará uma reaproximação com Helô, agora interpretada por Claudia Abreu, dona de uma galeria de arte popular e casada com Tião, o primeiro papel de vilão da carreira de José Mayer.

Maria Adelaide e Villari cuidaram dos mínimos detalhes dramatúrgicos para o espectador receber todas as informações – afinal, como nos clássicos suspenses de Alfred Hitchcock, o público saberá quem planejou o atentado, enquanto isso será um mistério para os personagens. Conhecerá também, em primeira mão, as pistas que vão sendo reveladas. “O foco é na emoção e, para evitar flashback ao longo da narrativa, decidimos criar esse prólogo de quatro capítulos. Assim, trabalhamos tanto no plano racional como no emocional”, explica Maria Adelaide.

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Outro estratagema habilidoso criado pelos teledramaturgos aparece no quinto capítulo, quando acontece a passagem para os dias atuais – de volta, Pedro é convidado a dar um passeio pela cidade. “E, quando isso acontece, é possível notar todas as mudanças ocorridas, em apenas alguns minutos”, comenta Villari que, como Maria Adelaide, tem uma firme convicção: não é a trama que vai fisgar o público, mas o personagem. “Lembramos sempre da Carminha, de Avenida Brasil, ou o Comendador, de Império.”

Já José Mayer será um vilão especial. Charmoso, não esconde que seu grande produto é o dinheiro. “Adoro escrever para o Tião, é um personagem muito especial”, conta Maria Adelaide, que desenvolve um estilo peculiar de dividir a parceria com Villari: ambos gostam de interpretar as falas criadas por ele, um bom exercício para testar a fluência e a veracidade dos diálogos.

Apesar do longo período que tiveram para desenvolver a história, criando várias camadas na dramaticidade e assumindo controle total sobre o início da trama, os autores confessam que ainda são surpreendidos pelos atores. “Descobri muita coisa sobre o personagem com o trabalho da Gabriela Duarte”, confessa Maria Adelaide. “Ela trouxe nuances que só acrescentaram.”

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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