Após uma nova onda de casos de desabastecimento de água em Santa Cruz do Sul, a atuação da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e a fiscalização feita pela Prefeitura voltaram a ser questionadas. O assunto pautou a sessão de ontem da Câmara, quando vereadores de oposição e de situação fizeram coro para cobrar providências.
Os problemas aconteceram no feriadão e atingiram pelo menos nove bairros. Em algumas regiões, moradores ficaram sem água desde a noite de sábado até o fim da tarde de segunda. A estatal alegou que uma intervenção para conserto de uma adutora no Bairro Pedreira desencadeou uma sequência de rompimentos de rede em diversos pontos, causando a interrupção. Crises semelhantes já haviam ocorrido na virada do ano e no Carnaval.
Na tribuna da Câmara, parlamentares voltaram a pedir que o Palacinho trate a companhia com mais rigor.
“É preciso uma fiscalização mais intensa. E a iniciativa depende do prefeito. Ele é que tem que fazer o movimento”, disse a vereadora e ex-prefeita Kelly Moraes (PTB). Já Luís Ruas (PTB) chegou a sugerir que o governo atue para que o gerente da Corsan no município, Armin Haupt, seja substituído. “Sempre se diz que, se um jogador não joga bem, ele vai para a reserva. Está na hora”, disparou.
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As críticas também partiram da base governista. Ari Thessing (PT) afirmou que o Executivo perdeu o controle sobre a Corsan. “Essa situação não tem cabimento. Está na hora de o governo chamar a Corsan. E não adianta aplicar multa, o que o povo quer é água em casa”, falou.
Feriadão estragado
Na casa do comerciante Luciano Bilhan Vidal, de 41 anos, morador do Bairro Margarida, a falta de água durou mais de um dia. “Trabalho o dia inteiro. O que eu espero quando chego em casa é um banho e nem isso a gente tem”, lamenta. Apesar do desabastecimento acontecer com regularidade no local, ele foi pego de surpresa. “Não tínhamos água estocada. Nunca sabemos quando vai faltar. Isso acaba gerando um incômodo muito grande.”
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Com dois bebês em casa, a cirurgiã-dentista Mirela Lopes Marques, de 47 anos, enfrenta muita dificuldade quando falta água. “Eles precisam de banho, de higiene. Requerem mais cuidados”, relata. Segundo a moradora do Bairro Bonfim, o que mais a indignou foi que, ao entrar em contato com a Corsan para saber quando a água poderia voltar, os telefonistas informavam prazos que não se concretizaram.
“O feriadão que era para ser sossegado foi estressante”, conta. Como o desabastecimento é rotineiro, mesmo com uma caixa-d’água em casa, Mirela já pensa em aumentar o tamanho do reservatório. “Já que a Corsan não resolve, nós temos que tomar uma atitude. Não dá para ficar nessa situação”, acrescenta. (João Pedro Kist)
Problemas são pontuais, alega o gerente
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Após as manifestações na Câmara, o gerente da Corsan em Santa Cruz, Armin Haupt, disse que os problemas registrados no feriadão foram pontuais e que o abastecimento já está normalizado. Segundo ele, as interrupções no fornecimento estão relacionadas principalmente ao fato de boa parte da rede ser antiga e não resistir à pressão que é colocada no sistema, o que seria agravado por particularidades geográficas do município. Ele alegou, porém, que a empresa já vem realizando substituições de encanamentos, para evitar essas situações. “Além disso, frequentemente acontece de, em alguma obra privada, uma rede nossa ser rompida. Aí temos que fechar o sistema para consertar”, disse.
Presidente da comissão municipal de saneamento, o secretário de Segurança, Henrique Hermany, afirmou que já houve “diversos avanços” – desde março, a Corsan vem anunciando uma série de investimentos, mas pouco saiu do papel. Conforme Henrique, os problemas registrados hoje são consequência do período em que o serviço ficou sem contrato. Uma reunião entre a Prefeitura e a empresa vai ocorrer na manhã desta quarta-feira.
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