Iniciei minha vida jornalística aos 16 anos. E no domingo, completei 60 de idade. Os primeiros passos foram em veículos do interior do Estado, no Vale do Taquari, onde nasci. Um dos principais cuidados que adoto desde então é a manutenção de autocrítica, fundamental para não desviar das funções de comunicador.
Vivemos a era da informação onipresente, conectados por inúmeras ferramentas, plataformas e acesso a novidades intermináveis. Muitas empresas de comunicação enfrentaram sucessivas crises, com ênfase para os jornais, já que boa parte da matéria-prima era importada, à mercê das oscilações do dólar, resultando na falência de veículos impressos.
Pela minha origem – e por acompanhar a trajetória das empresas do nosso interior – falo aos estudantes e aos jovens profissionais, que relutam em deixar as grandes cidades, que os veículos menores produzem revoluções concretas nas comunidades onde atuam.
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Nos grandes centros, as notícias do país e do mundo ignoram experiências exitosas de mulheres, homens e jovens em vários municípios. Mas escândalos e crimes hediondos têm generosas manchetes de capa.
O excesso de opinião em detrimento da informação – com ponto e contraponto – é outro desvio que causa desencanto a este velho “rato de redação” ensinado a checar com duas fontes as notícias mais impactantes. É norma ver grandes veículos impondo conceitos (e preconceitos), fenômeno – felizmente! – reduzido pelas redes sociais.
Causa tristeza e revolta observar “baluartes da verdade única” com generosos espaços, distorcendo o conceito de informação. A China, onde nasceu o coronavírus, tem um governo que controla a mídia com mão de ferro. Lá foram sonegadas informações à Organização Mundial da Saúde (OMS) que, de maneira covarde, nada fez, o que poderia reduzir o número de mortos mundo afora.
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Nesta crise inédita, a postura arrogante, impositiva e distante dos objetivos de um veículo de comunicação se acentuou. A vítima? Todos nós, consumidores, que sustentamos aqueles que têm espaço e renome, mas renunciaram ao compromisso com a verdade. Cada vez mais o conselho de um velho jornalista se faz presente: “Informar não é julgar. É oferecer elementos para que o público tire suas conclusões, faça seu julgamento e forme a sua opinião.”
O direito de receber um produto isento de contaminação é básico para todo consumidor. No Brasil da radicalização, no entanto, notícia é um produto cada vez mais suspeito.
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