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FORA DE PAUTA

Nossa casa e a rua

Sair de casa para ir a outros lugares, muitas vezes, nos leva a fazermos algumas comparações. Não em relação ao lar com quatro paredes, do espaço íntimo, mas do lugar onde vivemos em uma aglomeração humana localizada numa área geográfica. Ao voltar a São Lourenço do Sul no Natal, senti uma certa decepção e não consegui deixar de fazer alguns paralelos com Santa Cruz do Sul. A pacata, tranquila e acolhedora cidade conhecida como Pérola da Lagoa dos Patos tem uma riqueza natural, com as lindas paisagens junto à maior laguna da América do Sul. Mas apesar do atrativo para o veraneio, o município peca em detalhes importantes e afugenta os visitantes com a falta de ações básicas.

Ao contrário de Santa Cruz do Sul, o centro de São Lourenço do Sul, já castigado pela pouca arborização, não possui qualquer decoração de Natal. E na rua à beira da praia, no ponto onde até há pouco tempo ocorriam os principais eventos, a lama exalando mau cheiro permanece junto ao meio-fio da calçada, dificultando o desembarque das pessoas dos veículos. As marcas das fortes chuvas e elevação do nível da lagoa desde setembro permanecem por várias partes. Faltou um mutirão para amenizar os danos e deixar o local mais aprazível para o início do veraneio.

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Há pouco tempo, lembro do depoimento de um visitante que circulou pelo centro de Santa Cruz de manhã cedo, quando manifestou a sua admiração com a beleza, organização e limpeza nas ruas. A cidade não deixa de ser a “nossa casa”. Então, nos orgulhamos quando podemos apresentar aos nossos visitantes um Túnel Verde e os espaços floridos e de lazer da Rua Marechal Floriano elogiados pelos turistas. Isso não quer dizer que ainda há muito para melhorar, inclusive com as calçadas malconservadas.

Neste ponto há um reflexão a fazer. O antropólogo Roberto DaMatta, em sua obra A casa & a rua, observa que nosso comportamento na rua e nas coisas públicas muitas vezes é negativo: “jogamos o lixo em nossa calçada pelas portas e janelas, não obedecemos às regras de trânsito, somos até mesmo capazes de depredar a coisa comum, utilizando aquele célebre e não analisado argumento segundo o qual tudo o que fica fora de nossa casa é um ‘problema do governo’! Na rua a vergonha da desordem não é mais nossa, mas do Estado. Limpamos ritualmente a casa e sujamos a rua sem cerimônia ou pejo… Não somos efetivamente capazes de projetar a casa na rua de modo sistemático e coerente, a não ser quando recriamos no espaço público o mesmo ambiente caseiro e familiar”.

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Assim, ao ver a situação de São Lourenço do Sul, não foi apenas a administração pública que pecou ao não arrumar o lar para receber os visitantes nesta época, mas também os empresários, comerciantes e moradores. E quando pensamos em Santa Cruz do Sul, não podemos atribuir toda a responsabilidade ao poder público para deixar a cidade mais aconchegante. Quando, por exemplo, deixamos as calçadas em más condições ou aquele canteiro defronte do imóvel em péssimo estado, estamos descuidando do nosso jardim. Ou, então, quando estamos interferindo no espaço do Cinturão Verde, colocamos em risco o bem-estar do lugar onde viveremos no futuro. Todos temos a obrigação de responder pelas ações para tornar a cidade onde vivemos um local sempre mais aprazível, tanto para nossas famílias e vizinhos como para os visitantes.

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