É compreensível que os governantes que vão se sucedendo tenham diferentes visões de gestão e que, por óbvio, atribuam pesos diversos às prioridades que elegeram para execução ao longo do seu mandato.

Também há de se considerar que a vida de uma comunidade é dinâmica. Assim como oferece oportunidades – para atrair investimentos ou implementar projetos mais ousados –, por vezes impõe demandas que exigem providências e solução imediata.

Desejável seria que da soma dessas circunstâncias resultasse uma melhor qualidade de vida para o cidadão e gestões sintonizadas com os interesses da sociedade. Mas nem sempre é assim. Para complicar, escolhas mal pensadas ou não devidamente planejadas podem resultar em sérias frustrações, individuais e coletivas, quando não em prejuízos para os cofres públicos.

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Com sua reconhecida vocação empreendedora, Santa Cruz do Sul é uma terra fértil para conceber projetos ousados e sonhar com sua execução. Em algum momento, houve quem não se contentasse, por exemplo, com um pulsante e invejável parque multiuso no coração da cidade. Criou-se um Parque de Eventos no lado Sul e, como atrativo maior – quem diria –, um Autódromo Internacional. Muito apreciado pelos amantes da velocidade e da adrenalina das pistas, inclusive movimentado nesse fim de semana, também é verdade que nunca foi frequentado por boa parcela da população.

Mais recentemente, como contrapartida da empresa que administra o fornecimento de água e o saneamento básico na cidade, passamos a sonhar com um complexo de lazer e turismo no entorno do Lago Dourado. Quadras esportivas para a prática de diversas modalidades, piscinas, quiosques, bares, restaurante, esportes náuticos, amplo espaço para estacionamento estavam entre as atrações anunciadas.

De efetivo, até agora, ocorreu a duplicação da pista no entorno do reservatório de água e uma terraplenagem para futuras obras, à esquerda de quem acessa o complexo. Muito pouco! É verdade que nesse meio-tempo veio a pandemia e o lago teve que ser fechado. Como fechadas ficaram, pelo menos até agora, as torneiras da esperança de concretização desse sonho.

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Cheguei a imaginar caravanas vindas de todo o Estado para conhecer e curtir as emoções de um parque aquático em Santa Cruz, com direito a imagens cinematográficas de um pôr do sol sobre o Lago Dourado. Talvez algum dia aconteça.
Torço que sim. Assim como desejo, sinceramente, que o recém-anunciado parque temático da imigração germânica, projetado em área da Granja Municipal, em Linha Santa Cruz (pode ser que venha a ser conhecido como Volkspark – Parque do Povo) não fique só no imaginário. O resgate histórico e cultural que fundamenta a iniciativa e a aposta no potencial turístico mais do que se justificam. Assim como se sustentam argumentos em defesa de outros projetos.

Sugiro que, pelo menos daqui para frente, se coloque acima do encantamento um estudo de viabilidade financeira. Em outras palavras: como um projeto – esplendoroso, midiático, de grande apelo popular – vai se custear? Ou seja: quem vai pagar a conta?

Não obtive acesso aos números, mas com certeza o Parque de Eventos e o Autódromo, por mais glamourosos que sejam, são deficitários para as contas públicas, se consideradas apenas as receitas e os custos de manutenção. Da mesma forma se construiu, anos atrás, um restaurante ao lado da cruz no alto do morro sem certeza de que haveria interessados em administrá-lo. Está fechado. Como fechado está o Quiosque da Praça, nosso cartão-postal do Centro, referência e ponto de encontro à frente da Catedral.

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Todos bens públicos – seus, meus, de todos nós –, mas que, de alguma forma, estão em descompasso com as prioridades da comunidade. Aposto que vamos aprender as lições.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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Marcio Souza

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