Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

ROMEU NEUMANN

“Nós vai descer!”

Tem um hit torpedeando nossos tímpanos o dia inteiro – no rádio, nas redes sociais, na televisão – com um incômodo aviso: “Nós vai descer!”. Provavelmente estará disfarçando aquele que jurar que ainda não se pegou tamborilando ou batendo o pé, mesmo que involuntariamente, pra sincronizar com os sertanejos que criaram e disseminaram sua fórmula grudenta e, inquestionavelmente, exitosa.

Tipo de música chiclete que se adapta a diferentes situações, virou meme para as mais diversas versões. Da original “descer pra BC” – que só depois fui saber que anunciava uma invasão a Balneário Camboriú, que de fato aconteceu – surgiram algumas dezenas de adaptações, umas criativas, outras nem tanto. Até houve contraponto: “Nós vai subir! … Pra Ubirici” e coisas do tipo.

Mas é no campo da política e do esporte, que mais se prestam para versões ao gosto de cada um, que vêm surgindo as criações mais inusitadas. Do desencanto da turma que acha que desta vez “nós vai descer”, à desconfiança dos que ousam arriscar que, neste ano, sim! “nós vai subir” uma taça nas mãos.

Publicidade

LEIA TAMBÉM: Boa sorte, Sérgio!

Bobagem. Fico me questionando por que este grudento “Nós vai descer” reverbera no nosso inconsciente se já estamos no buraco. Pra não falar de dólar, bolsa de valores, inflação, dívida pública, preço da gasolina, da carne e outras tantas coisas indigestas, vamos nos ater a pautas “positivas”. A eficiência do governo, por exemplo, de alto a baixo, em todos os níveis – federal, estadual e municipal – em nos cobrar impostos, taxas, pedágios e tantos nomes mais que usam para saquear o dinheiro do contribuinte.

Vamos deixar claro: nenhum cidadão deveria sonegar impostos ou se rebelar contra a legislação, desde que tivesse honrados seus direitos, que houvesse contrapartida do poder público em prestação de serviços, atendimentos, obras de infraestrutura e investimentos em bem-estar social. O que machuca o cidadão é que lhe cobram cada vez mais e lhe oferecem migalhas, ou nem isso, ao mesmo tempo em que ele vê uma casta se refestelando nos altos escalões do poder, sem escrúpulos e sem piedade.

Publicidade

O que esperar? Que um Judiciário, Executivo e Legislativo aparelhados, desconectados da sociedade, tenham um “surto” de sensatez e se comovam com as pessoas? Que abram mão de suas regalias, de sua obsessão pelo poder em benefício da Nação?

Esqueçam. Alguém tem que pagar a conta. E são os que trabalham, os que empreendem, as empresas que empregam e geram riqueza, que recebem esse boleto em seu orçamento todos os dias. E isso não vai mudar tão cedo, se é que um dia vai mudar.

LEIA TAMBÉM: O Natal pede atitude!

Publicidade

Adotei para mim uma liturgia: toda vez que me sinto representado, contrariado, desiludido ou traído como cidadão diante das coisas que acontecem na nossa República, busco saber como se posicionaram aqueles a quem creditei meu voto. Já tenho quilometragem de vida suficiente para não me impressionar mais com falas bonitas, um jogo de palavras ensaiado e repetitivo e nem com o abominável (na minha opinião) esquema de emendas parlamentares. Esse pragmatismo do “toma lá, dá cá” pode comover muita gente, mas não me serve. Eu valorizo coerência, honradez, fidelidade a uma causa.

E neste momento não estou preocupado se “nós vai descer” ou se “vai subir”. Nós temos que sobreviver e seguir em frente, porque 2025 recém começou!

LEIA MAIS ARTIGOS DE ROMEU NEUMANN

Publicidade

Quer receber notícias de Santa Cruz do Sul e região no seu celular? Entre no nosso grupo de WhatsApp CLICANDO AQUI 📲 OU, no Telegram, em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça agora!

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.