A disposição das maiores autoridades do País para conceder uma entrevista coletiva em plena manhã de domingo demonstra a força que nós, mortais comuns pagadores de impostos, possuímos, mas raramente utilizamos.
Michel Temer, Renan Calheiros e Rodrigo Maia – presidentes da República, do Senado e da Câmara Federal, respectivamente – foram obrigados a empenhar a palavra de que não haverá perdão àqueles que se locupletaram de “Caixa 2” para financiar campanhas eleitorais. O tema brotou das discussões do projeto de lei com as dez medidas anticorrupção propostas pelo Ministério Público, com relatoria do deputado federal gaúcho Onyx Lorenzoni.
O gesto das felpudas raposas da política nacional está longe de ser um gesto de grandeza. É resultado da pressão popular, através de redes sociais e das ruas, além da postura da imprensa que fomentou a discussão. No mundo dominado pelos smartphones, não se justifica a desculpa de desconhecimento do que acontece no País e no planeta.
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Mantenho acaloradas discussões com amigos que torcem o nariz para a política. Isso é compreensível diante do vexatório noticiário que quase sempre cerca a atividade pública brasileira. O hábito de divulgar conteúdos negativos é uma praga que se alastra. Como toda generalização constitui injustiça, os bons políticos são tragados pelo tsunami de corrupção e desvios de conduta.
A maioria dos brasileiros passa horas sintonizado na internet todos os dias. Muitas horas são gastas diante do computador para alimentar as redes sociais e buscar informações de todo tipo. Por isso, pergunto: seria difícil acompanhar o comportamento dos vereadores, deputados, governador, senadores e do presidente da República?
Hoje é possível verificar em tempo real o voto dos nossos representantes. Portanto, a cobrança deveria ser permanente. Se tivéssemos adotado uma postura mais vigilante, escândalos como Mensalão e a Operação Lava Jato poderiam ser evitados. Nossa leniência em relação àqueles que ajudamos a eleger preocupa, mas exemplos como a entrevista coletiva de Temer, Renan e Rodrigo Maia demonstram a nossa força. Por isso deveríamos usar diariamente esse poder para fiscalizar, exigir, cobrar e, se for o caso, substituir quem ajudamos a eleger.
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