O Movimento pelo Cinturão Verde foi lançado em Santa Cruz do Sul na manhã dessa sexta-feira, 19. O evento ocorreu no Salão Nobre do Palacinho da Praça da Bandeira e contou com a presença de autoridades, representantes da sociedade civil organizada, entidades empresariais e imprensa. A iniciativa tem como objetivo celebrar os 30 anos do decreto que delimitou o Cinturão Verde e, a partir disso, propor ações para preservar e recuperar as áreas restantes. Além disso, busca despertar na comunidade o interesse em auxiliar nesse trabalho.
Na mesma ocasião, a prefeita Helena Hermany assinou a lei que cria o Conselho Municipal de Gestão Socioambiental de Santa Cruz do Sul, cujo presidente será o geólogo, ambientalista e ex-prefeito José Alberto Wenzel. O novo órgão terá representantes do poder público, da sociedade civil, entidades empresariais e especialistas para planejar, discutir e executar as ações com todas as partes interessadas. Em sua fala, Wenzel destacou que nada será feito de maneira compulsória ou além do que prevê a legislação.
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Um ponto importante citado por Wenzel diz respeito à necessidade de união de toda a população, independentemente do local onde mora, partido político ou de quaisquer outros fatores. “Esse é um movimento da comunidade de Santa Cruz do Sul”, afirmou.
Explicou que a iniciativa recebeu o nome de movimento pois não se trata de um projeto com início, meio e fim, mas que deve se perpetuar ao longo dos anos para garantir a preservação e a recuperação. “Nós não chegamos aqui para intervir em secretarias ou onde quer que seja, e sim para colaborar, contribuir e construir.”
Outra mudança será a de postura. Wenzel frisou que o objetivo não é apresentar um projeto pronto e dizer como poder público, empresas e cidadãos precisam agir, algo que já foi tentado por diversas vezes e não produziu resultados satisfatórios. Segundo ele, a ideia agora é inverter o processo e construir as propostas a partir das percepções, críticas e sugestões de todas essas partes citadas. “Vamos girar a roda ao contrário. Em vez de vir de fora para dentro, vamos partir do Cinturão Verde para fora.”
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Diante dos eventos climáticos extremos que atingem Santa Cruz e região com uma frequência cada vez maior, o ex-prefeito reforçou que o movimento também pretende discutir e elaborar soluções para preparar a cidade para o futuro. “Não dá mais para se fazer urbanização como se fazia, não dá para fazer loteamento como era antigamente, não dá para usar o solo como se usava”, exemplificou.
O geólogo discorreu a respeito das dez propostas sobre as quais o movimento se debruçará, que incluem itens como planejamento, sistematização e a transversalidade das iniciativas, e as ações que serão desenvolvidas dentro de cada uma delas, com os respectivos resultados esperados.
Para Wenzel, a adesão dos proprietários de áreas dentro do Cinturão Verde será fundamental para o êxito do movimento. A proposta prevê a valorização daqueles que buscam preservar o corredor ecológico, e avaliará a viabilidade de concessão de benefícios tributários, incentivos e implementação de parcerias público-privadas.
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Para o ambientalista, é urgente que a comunidade atue em defesa de sua área verde. “O cinturão não é uma simples área ao lado de Santa Cruz do Sul. Nós somos o cinturão. O que acontecer com ele vai acontecer conosco”, alertou.
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Helena Hermany manifestou a intenção de transformar Santa Cruz do Sul em um modelo ambiental. “Queremos deixar um legado, com ênfase para o Cinturão Verde e a Várzea, no contexto de uma cidade socioambiental”. Segundo ela, hoje a sociedade vive o resultado da falta de cuidados com a natureza, com altas temperaturas, chuva acima da média, temporais e inundações. “Se nós erramos no passado, vamos fazer a diferença agora. Quando o assunto é meio ambiente, não existe meio-termo: ou preservamos ou sofremos as consequências”, avaliou.
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Conforme ela, a participação de cada um é importante para que se alcancem melhores resultados na preservação do planeta. E conclamou a sociedade santa-cruzense a se engajar na causa. “Este é o marco divisor para fazermos nascer um futuro melhor. A preservação do Cinturão Verde significa um compromisso com a vida dos nossos filhos e netos, das futuras gerações.”
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Planejar: elaborar um planejamento de atividades tecnossensíveis situadas no espectro de que sem conhecer e se envolver, dificilmente se preserva. Ter ainda um cronograma que motive o conhecimento inter e transdisciplinar. Entre as ações estão definir a equipe e o local de referência; identificar colaboradores; organizar as etapas propositivas; definir metodologia; traçar objetivos, estratégias e metas; desenvolver marca e sinergizar esforços, entre outros.
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Transversalizar: não se trata de um grupo isolado. O objetivo é integrar as iniciativas no contexto da elaboração do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica. Ações previstas: concatenar outras áreas, como o Rio Pardinho, a Várzea, o Túnel Verde e o Lago Dourado; alinhar ações; sintonizar regionalmente com a agenda ambiental 2030 do Cisvale; compartilhar com zoneamento socioeconômico estadual e diretrizes nacionais; interconectar com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU).
Celebrar: reconhecer tanto os ganhos já em curso quanto os a serem impulsionados para o futuro por meio da Carta do Cinturão Verde de Santa Cruz do Sul. Ações previstas: mutualizar acertos; rever equívocos; compromissar avanços; vivenciar e partilhar experiências; programar eventos, seminários, promoções, exposições e campanhas.
Gerenciar: dirimir conflitos com o propósito de criar uma rede interativa e dar continuidade às implementações. Ações previstas: instituir um núcleo operacional e referencial na Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade; prevenir, monitorar, vigiar e fiscalizar.
Valorizar: recompensar os proprietários preservacionistas que agem em benefício da comunidade por meio de estímulos de ordem tributária e outros. Ações previstas: compensar proprietários preservacionistas; oportunizar perspectivas aos mais vulneráveis; criar benefícios tributários progressivos; desenvolver incentivos; implementar parcerias público-privadas.
Categorizar: estudar a melhor forma jurídica para se implementar a unidade de preservação do Cinturão Verde. Ações previstas: definir modelo jurídico e normatizar.
Sistematizar: sistematizar de forma sociogeobiodiversa integratória, unindo tudo o que esteja disponível, bem como complementar com estudos pertinentes no sentido de atualizar o diagnóstico e formar um banco de dados. Ações previstas: inventariar, complementar, integrar, correlacionar interfaces, identificar impactos ambientais, conflitos e pressões.
Consensuar: corresponsabilizar resolutivamente um Plano Diretor no cenário de uma cidade socioambiental. Ações previstas: mobilizar a participação coletiva no movimento.
Mobilizar: mobilizar para o pertencimento colaborativo e decisão dinamizadora, gerando um memorial dinâmico. Ações previstas: ouvir, aproximar, apaziguar, respeitar e recepcionar sugestões de todos os segmentos, agregar contribuições e sintetizar; ver em fluxo interconectado para além de um “território ao lado” e da declividade; formar um diálogo de saberes.
Sustentar: no intuito de manter financeiramente o processo, através da criação do Fundo Cinturão Verde. Ações previstas: identificar e definir fontes de recursos continuados.
Visibilizar: visibilizar a área pertencente ao Cinturão Verde por meio de totens informativos e outros equipamentos. Ações previstas: remarcar a poligonal integratória (a instituída de 463,79 hectares, a potencial de 1.028,12 hectares e possíveis ampliações).
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