Quatro garotas egressas do Programa de Aprendizagem Profissional Rural do Instituto Crescer Legal são as donas das vozes da edição de 2021 do ‘Nós por Elas – A voz feminina do campo‘. Desde o início de agosto, elas estão em atividades de pesquisa, contribuindo com estudos e coleta de informações realizados nas próprias comunidades. Além disso, também estão participando dois encontros semanais presenciais nos laboratórios de Comunicação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
Além do aprendizado das técnicas de elaboração de roteiros e gravações para programas de rádio, há reflexões sobre assuntos ligados à condição feminina no campo e dos jovens que vivem em regiões rurais. Segundo a educadora Maria da Graça Vieira, depois de analisar e refletir sobre realidades das mulheres, as adolescentes optaram por pesquisar três temáticas: a mulher nos espaços de decisão, violência psicológica contra a mulher e a mulher e o envelhecimento. “Os temas foram escolhidos por elas em função de serem atuais e representativos das demandas femininas do campo”, explica.
As garotas do Nós por Elas são Hayssa Nathália da Silva Severo, de Sinimbu, Janaina Isabel da Cruz, de Vale do Sol, Luana Schmidt Jochims, de Passo do Sobrado e Suzan Gabrielle da Mota Thomas, de Vera Cruz. Para elas, o programa representa a abertura para um novo mundo. Além da convivência no espaço de pesquisa e ensino da universidade, elas têm a oportunidade de serem a voz dos jovens e das mulheres do campo, através de boletins de rádio, que são transmitidos em programas de entidades parceiras do Crescer Legal e por plataformas digitais da internet.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Mulheres e jovens se destacam no Pavilhão da Agricultura Familiar da Expointer
A jovem Hayssa Nathália da Silva Severo, de 17 anos, conhecia o Nós por Elas desde 2019, quando foi jovem aprendiz e ouviu pela primeira vez os boletins feitos por egressas de anos anteriores. “Em um dos seminários, foi mostrado como as garotas gravavam lendo um roteiro criado por elas. Sempre me interessei, por isso estou muito feliz de fazer parte dos Nós por Elas deste ano”, diz. “Está sendo uma experiência incrível adquirir conhecimento sobre diversas áreas, principalmente a da comunicação e assuntos sobre a mulher”, explica.
Para Hayssa, as pesquisas sobre a mulher nos espaços de decisão, os diversos tipos de violência, mulheres na política, direitos da mulher e sobre como elas eram tratadas quando não existiam leis de proteção para a mulher estão sendo muito interessantes. “Uma questão importante é que se traz diferentes pontos de vista e diferentes opiniões, pois no nosso grupo, cada menina é de um município”, destaca a jovem. “Além disso, levar esse conhecimento para as comunidades de uma forma simples de entender, pois é importante para que as pessoas fiquem atualizadas e tenham mais conhecimentos e argumentos”, acrescenta.
Publicidade
Quinta edição
A edição do Nós por Elas de 2021 termina no final de outubro, com a divulgação dos boletins. Para a gerente do Instituto Crescer Legal, Nádia Fengler Solf, os temas escolhidos pelas meninas são muito interessantes e atuais. “É mais um grupo de destaque que vai gerar conteúdos que impactam, além da vida das próprias participantes, também a de tantos outros jovens, mulheres e demais pessoas, especialmente ouvintes das programações de rádio dos nossos parceiros de divulgação dos boletins, que são a Afubra e os sindicatos dos trabalhadores rurais”, diz.
Conforme Nádia, a parceria com a Unisc também tem extrema relevância, porque coloca à disposição o conhecimento dos profissionais do curso de comunicação e a estrutura da universidade para preparar as meninas com o aprofundamento de discussões sobre temas que são importantes e, por vezes, sensíveis e pouco abordados. “Assim é gerado conteúdo de qualidade voltado para as comunidades rurais com vozes de jovens meninas do campo”, acrescenta. “Para nós, é uma satisfação ter mais uma turma e temos certeza que o conteúdo que está sendo produzido vai ser de grande valor”, salienta.
Para lembrar
Desde a criação do programa, já foram realizadas quatro edições (em 2017, 2018, 2019 e 2020), nas quais 32 jovens foram preparadas para serem multiplicadoras de temas sensíveis à realidade feminina no campo. As três primeiras ocorreram dentro da universidade. E em 2020, por causa da pandemia da Covid-19, foi realizada uma edição especial totalmente on-line. Os boletins das edições anteriores podem ser conferidos no site do Crescer Legal.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Violência contra mulheres cresce em 20% das cidades durante a pandemia