Colunistas

Nós, os anônimos

Imaginei escrever algo sobre as eleições que vão ocorrer no próximo final de semana. Mas me convenci que não acrescentaria mais nada de importante ao que já está dito.

Prefiro me limitar hoje a compartilhar impressões, olhares, avaliações de quem enxerga a cidade, a região, o Estado e até o País sem o compromisso de produzir informação. Apenas propor análise e alguma reflexão.

Como não quero influenciar voto de ninguém, vou fazer um recuo no tempo e me fixar no aniversário do município, que festejamos nesta semana, dia 28. Eu era um jovem repórter, ainda iniciante na carreira e com pouca experiência, quando fui contratado pela Companhia Jornalística Caldas Júnior para ser correspondente regional da empresa que, à época, editava o Correio do Povo, a Folha da Manhã, a Folha da Tarde e que cobria o Estado com as ondas potentes da Rádio Guaíba.

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Foi tudo muito intenso. Recebia pautas diárias pelo telefone, escrevia algumas laudas que enviava pelo malote para matérias especiais nas edições de fim de semana e frequentava as cabines da então CRT para passar informações do dia a dia. Aprendi muito.

Era o ano de 1978. Centenário de Santa Cruz do Sul e ano da terceira e derradeira Festa Nacional do Fumo (Fenaf). Fui designado para produzir um material informativo especial alusivo aos 100 anos do município.

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Passei noites em claro escrevendo o que conseguia apurar durante o dia para, ao final, dar o devido destaque a Santa Cruz do Sul com uma página e meia no Correio, um jornalão standard na época, mais manchete de capa (por conta da vinda do presidente Ernesto Geisel ao Estado e a Santa Cruz) e ainda chamada de contracapa com foto da cidade alusiva ao centenário.

Seria tudo perfeito. Uma consagração profissional para um jovem repórter (logo depois contratado pela Gazeta do Sul), não fosse por um detalhe: o crédito – nome do autor do texto – por descuido de edição foi omitido.

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Acabou sendo um trabalho anônimo.

Anônimo como é o empenho de tanta gente que dá o melhor de si e que sequer é visto ou reconhecido.

Anônimo como o pai de família que sai a coletar material reciclável para converter em minguados recursos para sustentar a família.

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Anônimo como o professor que ensina, o agricultor que planta e colhe, os profissionais da saúde que nos cuidam e os servidores da segurança que nos protegem.

Anônimo como um caminhoneiro que me socorreu na freeway tarde da noite, final de feriadão, com dois pneus furados e me levou a uma borracharia perto de Porto Alegre para que pudesse retornar para casa. Não soube o seu nome, mas nunca esqueci o seu rosto.

Anônimos. São tantos que não há como mencionar. Mas com certeza, são eles que, sem holofotes, fazem girar a roda da vida. E todos dirão a mesma coisa: reconhecidos ou não, o que importa é o que brota da alma e dar o melhor de si em tudo o que se faz.

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Quem sabe, algum dia, este passe a ser também o lema dos políticos que elegemos.

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