As regiões Norte e Nordeste são as líderes no número de mulheres eleitas prefeitas em 2016. Dos dez estados com maior proporção de candidatas vitoriosas em relação ao total de cidades, nove estão nessas regiões – que, historicamente, são consideradas por especialistas como locais onde a cultura tradicional do machismo é mais evidente. O líder é o Rio Grande do Norte, onde 28% dos municípios serão governados por mulheres a partir do ano que vem.
A série histórica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, de 2004 até 2012, a quantidade de municípios administrados por mulheres aumentou, mas se manterá praticamente estável a partir do ano que vem. Na média, candidatas do sexo feminino conquistaram 7,4% das prefeituras em 2004, 9,4% em 2008, 11,8% em 2012 e 11,6% em 2016.
Os dados deste ano ainda são provisórios e não contam as 55 cidades que terão disputa pelo segundo turno nem 8 municípios que, até o meio-dia desta segunda, 3, ainda não tiveram a apuração concluída pela Justiça Eleitoral. Mesmo assim, eles mostram uma impressionante concentração da liderança feminina nas duas regiões mais ao norte do País.
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Além do Rio Grande do Norte, Roraima, Alagoas e Amapá terão um quinto ou mais das suas cidades administradas por mulheres a partir do ano que vem. No top 10 desse ranking, apenas Goiás, onde as prefeitas governarão 15% dos municípios, não faz parte do Norte e do Nordeste.
Estudos anteriores já mostraram que essas duas regiões apresentam, em média, indicadores mais altos de tolerância à violência contra a mulher e de outros índices ligados à cultura do machismo. Uma pesquisa de opinião conduzida pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 2014 mostrou que o porcentual de pessoas que concordava total ou parcialmente com a frase “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas” era mais que o dobro em residentes dessas regiões que no resto do Brasil: 38% no Nordeste e 41% no Norte, ante 18% nos outros Estados.
Na outra ponta da tabela estão Estados do Sul e Sudeste. No Espírito Santo, no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Paraná, mulheres ganharam a eleição em menos de 8% das cidades. Em números absolutos, porém, é em São Paulo que há o maior número de municípios com candidatas eleitas às prefeituras: 72.
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