O Prêmio Nobel de Medicina, anunciado nessa segunda-feira, 3, vai para o especialista em genética evolucionária Svante Pääbo, da Suécia. Segundo a Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo, responsável pela homenagem, ele foi escolhido por suas descobertas relacionadas ao genoma de extintos hominídeos e a evolução humana.
Pääbo, de 67 anos, estabeleceu “uma disciplina científica completamente nova, a paleogenômica”, ao revelar diferenças genéticas que distinguem os humanos vivos dos hominídeos extintos, segundo o instituto sueco. Tradicionalmente, pesquisadores usavam artefatos antigos ou ossos para saber mais sobre nossos antepassados, mas ele mostrou que era possível analisar o DNA desses hominídeos.
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As descobertas do cientista do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária de Leipzig “oferecem a base para explorar o que nos faz unicamente humanos”, acrescentou a organização.
Ele também foi responsável por descrever que havia se produzido uma transferência de genes destes hominídeos, agora extintos, para o Homo sapiens. Esse antigo fluxo de genes para os humanos atuais tem relevância, afetando a forma como o sistema imunológico reage a infecções, por exemplo.
Além disso, o Instituto Karolinska destacou que ele desenvolveu um trabalho considerado impossível: “sequenciar o genoma de um neandertal, um parente extinto dos humanos de hoje”. “Também fez a sensacional descoberta de um hominídeo extinto, o denisovano, completamente com base em dados de genoma recuperados de uma amostra de osso do dedo mínimo.”
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O especialista é filho de outro Nobel de Medicina, o bioquímico Sune K Bergström, que ganhou a homenagem em 1982 por sua pesquisa sobre as prostaglandinas, substâncias similares a hormônios que regulam vários processos no organismo. Pääbo era filho de um relacionamento extraconjugal de Bergström e tinha contato restrito com o pai.
Em entrevistas, o geneticista já declarou que seu interesse pelo passado dos homens surgiu na adolescência, quando era um apaixonado por egiptologia e visitou pela primeira vez o país africano, levado pela mãe. Anos depois, Pääbo se envolveu em pesquisas que tinham o objetivo de analisar o DNA de múmias.
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Desde o ano passado, tem havido expectativa sobre a premiação ser dada aos desenvolvedores da vacina de RNA contra a Covid-19 – em especial para a pesquisadora húngara radicada nos Estados Unidos Katalin Kariko -, mas os responsáveis pela láurea costumam esperar alguns anos para que a descoberta científica se consolide.
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As indicações para o Nobel têm início um ano antes do anúncio dos vencedores. Cientistas, professores, acadêmicos e vencedores de outras edições enviam nomes para a consideração do Comitê Nobel, que decide quais serão os indicados de fato. Não é possível que uma pessoa indique a si mesma para a seleção.
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O Prêmio Nobel foi criado pelo químico, inventor e empresário sueco Alfred Nobel, que patenteou mais de 350 produtos ao longo da vida – como a borracha, o couro sintético e o explosivo dinamite.
Alfred Nobel morreu em 1896, aos 63 anos, e determinou no testamento que a maioria de sua fortuna – estimada em mais de 31 milhões de coroas suecas – deveria ser convertida em um fundo que concedesse “prêmios para quem, durante o ano anterior, tiver conferido à humanidade os maiores benefícios”. A láurea, porém, só foi dada a partir de 1901
A entrega das honrarias ocorre sempre no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Nobel. Os laureados recebem diploma, medalha de ouro e uma quantia em dinheiro. Neste ano, esse valor será de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,88 milhões).
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