Após um maçante julgamento – que durou mais de um capítulo e irritou com a inverossímil estratégia da defesa de Sophia Montserrat -, o último capítulo da novela das 9, O Outro Lado do Paraíso, que foi ao ar nesta sexta, 11, na Globo, comprovou que a verdadeira protagonista da novela foi a vilã de Marieta Severo Mesmo com um texto cheio de incoerências, Marieta, grande atriz que é, conseguiu defender sua Sophia com dignidade até o fim. Mesmo quando tudo conspirou para que isso não acontecesse.
É compreensível que o autor Walcyr Carrasco quisesse que a grande malfeitora da trama passasse pelos mesmos sofrimentos que a mocinha Clara, provando que a lei do retorno se cumpriu. Sophia foi submetida à sessão de choque, à la “Estranho no Ninho”, assim como Clara passou no início da trama. Mas, mesmo que o autor esperasse que o telespectador se desligasse da realidade ao ver sua novela, é difícil acreditar nesse tipo de tratamento em pleno século 21!
Na realidade, os planos de vingança de Clara não se cumpriram plenamente. Afinal, como o psiquiatra Samuel (Eriberto Leão) pôde validar um laudo de insanidade de Sophia se ele manchou sua própria dignidade profissional no início da trama forjando a ficha de Clara, o que a levou ao mesmo manicômio. Nada aconteceu a ele profissionalmente.
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A vingança então ficou no campo pessoal, quando sua homossexualidade foi exposta. Ou seja, para o espectador, ficou a mensagem que o fato de ele sair do armário em público foi um castigo. O que, na verdade, foi libertador para ele.
Os outros que estavam na lista de vingança de Clara: o juiz perdeu o cargo, mas manteve o mesmo cinismo de sempre; o delegado pedófilo foi morto rapidamente na cadeia; Lívia, que ajudou Sophia em seu plano de tirar o filho de Clara, perdeu o guarda do menino, mas não pagou efetivamente por sua atitude amoral.
Redenção
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A despedida de Caetana, no leito de morte, foi a oportunidade perfeita para gigantes da interpretação como Laura Cardoso, Fernanda Montenegro e Lima Duarte deitarem e rolarem. Foi uma cena linda, e tudo estava indo bem, isso até o velório de Caetana virar uma festança ao som de Pabllo Vittar, com direito a tons surrealistas com a ex-dona do bordel, ou melhor, seu espírito, feliz, levantando voo.
Se a novela tivesse seguido essa linha desde o início, tudo bem, mas acabou criando humor involuntário com essa cena de Caetana flutuando, ao som de Pabllo, a caminho do céu.
A aparente redenção de Gael foi bonita, no momento em que ele socorre uma vítima de violência doméstica. Já envolvido com a moça, o rapaz jurou que também já tinha sido um marido violento, mas que tinha mudado. Mas o personagem não foi submetido a uma situação em que essa sua mudança fosse colocada à prova. Ficou então a dúvida se sua regeneração tenha ocorrido de fato. A cena final, de Fernanda Montenegro, sentada, e a câmera se aproximando dela, ao som de Radiohead, foi um alento.
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Mesmo assim, várias pontas da trama ficaram soltas, sem o devido desfecho. Uma pena que as incoerências no texto e cenas nonsenses tenham tirado o brilho de “O Outro Lado do Paraíso” no final.