Na pandemia do coronavírus, voltam à memória doenças que mataram ou deixaram sequelas em milhares de pessoas. Uma foi a lepra (hanseníase ou Mal de Hansen), que teve disseminação no Brasil e mesmo em Santa Cruz nas primeiras décadas do século passado.
O médico alemão Heinz von Ortenberg (1879- 1959), que veio para o município em 1907 e foi diretor clínico e técnico do recém-inaugurado Hospital Santa Cruz, atendia pacientes com lepra, doença que não tinha cura. Em 1936, ele escreveu um artigo sobre o tema.
Alertou que os focos estavam espalhados pelo País e defendeu o isolamento dos doentes, como já ocorria em estados como Minas, Rio e São Paulo. Para ele, a inexistência de um leprosário no Rio Grande do Sul dificultava a contenção do contágio.
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Avaliou que a disseminação devia-se à desinformação, à falta de cuidados com a higiene e ao convívio de enfermos com familiares e amigos. Disse ter encontrado uma senhora com lepra atendendo em seu armazém, tomando mate com os clientes e distribuindo correspondências para toda a vila e arredores.
Também lamentou a falta de medicamentos. Explicou que amenizava o sofrimento com o uso do óleo de chaulmoogra (conhecido por Antileprol e Calmestrol). Nas mãos e pés, aplicava Padutin, produto usado para frieiras e que conseguia conter a hemorragia e melhorar as condições dos membros ameaçados por gangrena. Ainda utilizava um velho preparado de prata (Silbersalvarsans) no combate à infecção.
Em 1937, o Estado ganhou seu leprosário, o Hospital Colônia Itapuã, em Viamão. Lá os doentes eram internados compulsoriamente. A pequena cidade chegou a ter 2,5 mil habitantes. Com o advento da sulfona, na década de 40, foi encontrada a cura para a doença. Mas o enclausuramento só deixou de ser obrigatório em 1962.
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Livro: Heinz von Ortenberg – Médico do Kaiser e de Santa Cruz (Leandro S. Telles)
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