Quando chegou à sede da Polícia Federal, em Curitiba, na tarde de terça-feira, 44, o ex-ministro José Dirceu fez um pedido. Ele queria falar com um agente da custódia da Polícia Federal para saber com detalhes todas as regras e horários da carceragem. “Ele quis passar a imagem de que é disciplinado, que foi um preso exemplar quando esteve na Papuda”, avaliou um policial que lhe informou as instruções que regem o local.
Depois da conversa, foi para a cela que passou a dividir com o publicitário Ricardo Hoffman e com o ex-engenheiro da Petrobras Celso Araripe, que, como ele, foi detido na segunda, 3, durante a 17ª fase da Operação Lava Jato. Lá, vestiu-se com a camiseta do seu time, o Corinthians, e com uma bermuda que usou de pijama para passar sua primeira noite na prisão. Dormiu em uma das camas dentro da cela e Araripe na outra, enquanto Hoffman foi colocado no corredor. Na primeira noite a porta ficou fechada, mas não trancada, devido a essa disposição dos presos.
No dia seguinte, o primeiro que passou na carceragem de Curitiba, o petista chamou a atenção pela postura simples e pela tranquilidade. Acordou dizendo que teve uma boa noite de sono, puxou papo com os companheiros de cela e elogiou o almoço, que tinha no cardápio arroz, feijão, macarrão, legumes, salada e filé à parmegiana. O prato dele, no entanto, veio sem sal, exigência da dieta que faz por causa de suas crises de hipertensão.
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Não fez nenhum pedido aos policiais, tudo que queria reuniu em uma lista que entregou à advogada Anna Luiza Souza, que havia lhe levado frutas, roupas, barbeador e outros itens de higiene pessoal. Segundo pessoas que tiveram contato com o petista, ele está consciente que deverá passar uma estada longa na prisão, chegando a verbalizar isso com companheiros e a pedir itens para o mês que vem à sua defensora.
Uma das maiores preocupações de Dirceu era saber se poderia receber visitas da atual mulher Simone Pereira, e de sua filha Maria Antonia, 5. As condições e horários da visita de familiares foi um dos motivos que fizeram a advogada Anna Luiza viajar até Curitiba. Ele estava preocupado com o fato de que, por não ser casado no papel, fosse impedido de receber as visitas de Simone.
O irmão do ex-ministro, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, assim como seu ex-assessor Roberto Marques, foram instalados em uma ala diferente de Dirceu e não tiveram contato com ele, segundo agentes. Quando chegou à sede da PF em Curitiba, Luiz Eduardo pediu para ficar próximo ao irmão, mas não foi atendido. Já Dirceu não perguntou sobre ele, ao menos no primeiro dia. O petista está instalado na mesma ala do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, podendo ter contanto com eles em horários como os de banho de sol.
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Nova rota
Para levar José Dirceu à sede da PF na tarde de terça, três carros da polícia federal foram deslocados por volta das16 horas para o Aeroporto de Curitiba. A ideia inicial era que o petista descesse do carro dentro do pátio da Superintendência e fosse caminhando até a garagem.
Os planos mudaram em cima da hora, quando os agentes já aguardavam Dirceu. Devido a uma manifestação contra o ex-ministro na porta da PF, a chefia ordenou que ele entrasse pelos fundos. Ao saber do movimento na sede da PF em Curitiba, Dirceu disse aos agentes que soube que tinha gente querendo fazer protesto a seu favor na porta da Papuda, em Brasília.
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