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No olho do furacão

Assim como um tornado, a passagem de Twisters em Santa Cruz do Sul foi breve, mas memorável. O longa-metragem é um verdadeiro espetáculo visual e sonoro e fez bom uso da tela e das caixas de som da sessão no Cine Max Brasil.

A nova entrada na franquia, iniciada em 1996, se esforça para ser muito mais do que uma mera atração barulhenta. Sem a ambição de dar sequência ou limitar-se a mimetizar Twister, de Jan de Bont (Velocidade Máxima), o filme se concentra em criar sua própria jornada enquanto atualiza os temas do original.

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A nova protagonista é Kate Carter (Daisy Edgar-Jones), uma caçadora de tornados que abandona o posto após uma tragédia que vitimou o companheiro e amigos. Com os fenômenos meteorológicos se intensificando, ela precisa voltar ao campo aberto e lidar com seus medos. Em viagem ao Estado de Oklahoma, depara-se com Tyler Owens (Glen Powell), um influenciador digital que se arrisca a entrar (literalmente) em tornados enquanto transmite tudo online, sem se importar em arriscar a vida por umas curtidas e engajamento. Os conflitos ideológicos são deixados de lado quando as tempestades ficam cada vez mais perigosas, obrigando os dois a se unir para sobreviver.

Na contramão da recente onda de ressurgimento de filmes do século passado (Top Gun – Maverick, por exemplo), Twisters não apela à nostalgia para cativar a audiência. Não espere quaisquer menções ou aparições de personagens do anterior.

A direção de Lee Isaac Chung (de Minari: Em Busca da Felicidade) equilibra com maestria os dramas humanos e utiliza o melhor dos efeitos especiais para acentuar a destruição. Assim, apresenta um filme-catástrofe visualmente satisfatório, com protagonistas interessantes.

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Por mais que a aposta pareça ser arriscada e possa decepcionar os fãs do anterior, é bem-sucedido ao criar uma trama independente. Apesar de sua rápida estadia na tela grande, é uma experiência cinematográfica que vale ser assistida.

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Consequências

A força de Twisters não está apenas na representação destrutiva dos tornados. É a reação dos personagens diante do poder descomunal da natureza que prende a atenção do espectador. Embora o filme original tivesse situações de drama e tensão, havia momentos cômicos. Exemplo disso é a cena icônica de uma vaca sendo levada pelo vento. Há cenas engraçadas na nova produção, mas raramente envolvem as catástrofes climáticas.

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A trama se esforça para abordar o tema com mais maturidade. Mostra, por exemplo, as consequências dos eventos climáticos, não se limitando apenas em expor a destruição, mas mostrando como as pessoas reagem a ela. E, após a passagem dos tornados, dedica um tempo para mostrar as pessoas caminhando entre os escombros do que um dia foram suas casas.

A dor alheia ganha um novo olhar sob a direção de Chung. Ao trazer as consequências da tragédia, Twisters consegue se diferenciar da maioria dos filmes-catástrofe, incluindo seu antecessor. No contexto atual, em que o mundo está sendo assolado por uma crescente onda de desastres naturais, incluindo a que o Rio Grande do Sul vivenciou recentemente, é bom ver que Hollywood amadureceu, ainda que pouco.

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Julian Kober

É jornalista de geral e atua na profissão há dez anos. Possui bacharel em jornalismo (Unisinos) e trabalhou em grupos de comunicação de diversas cidades do Rio Grande do Sul.

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