Em um momento de dificuldade, John da Silva encontrou sua vocação com o entalhe em madeira. O morador de Santa Cruz do Sul, de 29 anos, trabalhava em uma serralheria e pagava aluguel, quando deixou o emprego para construir sua casa própria. Ao lado da esposa Caroline da Silva e do filho Lorenzo, de 7 meses, na moradia que ergueu no Bairro Santuário, ele passou a desenvolver peças artísticas em madeira, que se tornaram o seu sustento.
“Consegui construir a minha casa, mas no momento o mercado de trabalho estava complicado, e não conseguia achar uma vaga. Peguei um pedaço de madeira e um formão velho que tinha em casa e comecei a desenhar”, conta. Em 2016, John passou a desenhar letras e esculpir peças em madeira e percebeu que poderia ganhar a vida com essa atividade.
As primeiras placas foram levadas em lojas, onde ele pedia para deixar o material em sistema consignado; caso fossem vendidas, ganharia parte do valor. O primeiro local que aceitou as peças foi a loja Recanto das Botas, responsável pelo pontapé inicial na carreira dele.
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John conta que no início as peças não tinham beleza, mas foi pegando aptidão com a prática. Buscou alguém que oferecesse cursos na área e não encontrou; procurou informações na internet, mas há pouco conteúdo disponível. “Tentei procurar alguma coisa no YouTube, algumas dicas. Quem trabalha com isso mostra fazendo o trabalho, mas não explica as técnicas. Não me limitei a isso, via como um obstáculo a ser vencido, me coloquei de cabeça e logo comecei a tirar o alimento para minha família, para manter minha casa através do meu trabalho com a madeira.”
Desde então, o artista já vendeu peças em outras regiões do Rio Grande do Sul e até fora do Estado, enviando trabalhos para Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Participando de grupos com outros profissionais que trabalham com madeira, o santa-cruzense logo começou a encontrar reconhecimento na área e a compartilhar o que havia aprendido. Segundo John, o mercado é sazonal e as vendas aumentam muito em períodos como o Dia dos Pais. Os objetivos agora são se tornar uma referência da arte em entalhe no Rio Grande do Sul e fora do Estado. Em 2021, ele fará a carteirinha de artesão do município, que permite participar de exposições para venda das peças.
John encontrou sua vocação e decidiu fazer algo diferente. Ele divulga suas peças através das redes sociais, em sua página pessoal no Facebook e no perfil do instagram @entalharte_entalhes. Encomendas de trabalhos em entalhe, como bancos, mesas, placas de chácara e fazenda, quadros decorativos e religiosos, quadros para quiosque e outras peças podem ser feitas pelo telefone (51) 99116 4915, e o envio para outros municípios é feito pelos Correios.
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Trabalho voluntário
Um dos maiores desejos de John agora é retribuir para a comunidade. Ele se disponibilizou a ministrar uma oficina no Instituto Humanitas, mas, como a entidade depende de doações, não conseguiu o valor para comprar os materiais necessários. “Talvez se tenha ali uma criança com o talento dentro dela e as pessoas não sabem. Se alguém dali conseguir aprender e seguir adiante, eu vou ficar satisfeito.” A ideia é adquirir quatro ou cinco jogos de formões para ensinar em dois turnos, manhã e tarde, alguns alunos por vez. Instituições ou pessoas físicas que tenham interesse em apoiar o projeto para crianças e adolescentes carentes podem entrar em contato. O único custo é a compra do material, já que as aulas serão voluntárias.
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