Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

POLÊMICA À MESA

Neste fim de ano, a uva passa ou fica?

Foto: Lula Helfer

Fruta é considerada um ingrediente nobre e tem uma história de mais de 700 anos

O mês ainda era novembro e nas redes sociais pipocavam memes que resumem a pauta sobre as ceias de Natal e Ano-Novo em família. O uso da uva-passa e das frutas cristalizadas tornou-se tema de discussão à mesa, sendo defendido ou odiado. A polarização de gostos acirra a discussão e, às vésperas do Natal, a Gazeta do Sul quer saber: na sua opinião, a uva “passa” ou fica neste ano?

Conforme a professora de culinária do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Cátia Leal, o emprego de frutas secas como a uva-passa e as cristalizadas em receitas imprime requinte aos pratos, desde que da forma correta, mais discreta. “A uva-passa cai muito bem em um molho agridoce, deixa a receita saborosa. Mas um dos erros ao prepará-la é manter a uva seca. O ideal é hidratar o ingrediente (leia a receita ao lado), para dar mais sabor e textura”, ensina Cátia.

Para a professora, a uva-passa nunca foi uma vilã. Na verdade, trata-se de um ingrediente versátil, que combina com muitos sabores e por isso acaba parando no arroz, na salada, na farofa, no recheio da carne assada, e de vez em quando em um potinho, em cima da mesa, para que o convidado adicione mais ao seu prato. “Ela não precisa estar em todas as receitas. Pode se eleger um prato, aquele que combina mais com o sabor doce e salgado, e aí adicionar a uva-passa ou as frutas”, ressalta.

Publicidade

A pesquisadora de língua e cultura alemã Lissi Bender volta 700 anos na história para explicar a origem do ingrediente nas festas de fim de ano. Segundo ela, o clima do Hemisfério Norte influencia nessa decisão. “Na Europa o Natal é tempo de frio, de muito frio. Não tem comida ou frutas frescas, porém, as receitas de fim de ano utilizam frutas como ingredientes”, explica. Uma delas é a Cuca de Natal, criada no século 14.

Lissi conta que, da Idade Média em diante, as festividades natalinas incorporaram o uso da uva-passa e das frutas cristalizadas nos preparos. Como a cultura local segue os ritos do Natal alemão – logo, de origem europeia –, consumir as frutas na ceia tornou-se um hábito repetido de geração para geração. “Por isso, usar a uva-passa é tão natural para algumas pessoas. Quem gosta não vê mal nenhum nesse ingrediente”, opina a pesquisadora.

Hidratando
Conforme a orientação da professora de gastronomia do Senac, Cátia Leal, usar a uva-passa hidratada como ingrediente deixa o prato mais saboroso. Segundo ela, uma das formas de trazer a uva à “vida” novamente é com o uso do vinho branco seco.

Publicidade

Em uma vasilha, coloque a uva-passa e cubra a fruta com vinho branco seco de boa qualidade. Meia hora é o suficiente para deixá-la hidratada, com novos sabor e textura. Dessa forma, segundo a professora, o uso dela na culinária torna os pratos mais saborosos e agradáveis ao paladar “exigente” de quem faz birra com a uva-passa.

A fruta traz benefícios ao organismo. Além de ser uma fonte de energia, ela ajuda na digestão, melhora a saúde dos ossos, faz bem aos olhos e ajuda a tratar anemias e infecções.

Max tira a uva na hora de servir

Na hora da ceia, opiniões divididas
O sabor e a textura da uva-passa e das frutas cristalizadas não são nada agradáveis ao paladar do santa-cruzense Maximiliano Meyer. Para o programador, o uso desses ingredientes nos pratos de fim de ano parece estar deslocado. “Quem coloca uva-passa em tudo é uma pessoa chata, manipuladora, eu diria. Por que não coloca em um único prato?”, questiona.

Publicidade

Max defende o uso racional da uva-passa e de suas coleguinhas. “Por que não colocam em seus pratos no resto do ano? Eu consigo evitar. Vou tirando a uva e as frutas, já na hora de me servir. Se elas vierem junto para o prato, eu não como.”

Já a professora de inglês Virgínia Klein revela que, na casa dela, o uso da uva-passa e das frutas, que deixam os pratos agridoces, é celebrado. “No arroz, a uva-passa cai muito bem. O problema é que tem gente que se empolga e coloca em tudo. Eu acho isso desnecessário”, opina.

Virgínia explica que utilizar ingredientes doces e salgados está dentro da tradição santa-cruzense. Uma das provas é a própria cuca com linguiça, uma verdadeira “instituição” do município. “Neste ano, a nossa ceia vai ser com churrasco, porque é mais prático, mas pelo menos no arroz vamos colocar a uva-passa. Aqui em casa ninguém reclama, a gente tem esse hábito desde criança”, complementa a professora.

Publicidade

Virgínia: cai muito bem no arroz

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.