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Literatura

Nessa longa estrada da vida

O também escritor Neal Cassady, à esquerda, inspirou Jack Kerouac a compor o presonagem central de On the road, Dean Moriarty

Se Jack Kerouac, cujo centenário de nascimento transcorre neste sábado, é aclamado como o rei da Geração Beat, sua obra-prima, o romance On the road, ou Pé na estrada, na edição brasileira, é a Bíblia deste movimento. No livro, lançado pela primeira vez em 1957 em edição massiva, o narrador, Sal Paradise (alter-ego do próprio Kerouac) descreve suas viagens pelos Estados Unidos e também pelo México, em sucessivas rotas entre a costa Leste e a costa Oeste, cruzando a nação em todas as direções.

O faz tanto a pé quanto em ônibus ou de carona, apelando para os mais diversos meios de locomoção, com pouco ou nenhum dinheiro à mão. E de carro, na companhia de um ídolo, Dean Moriarty, identificado como o escritor Neal Cassady, também referencial para fãs dos Beat, autor do romance autobiográfico O primeiro terço. O cineasta brasileiro Walter Salles dirigiu uma adaptação de On the road para as telas por ocasião da passagem dos 90 anos do autor, em 2012: no filme, Na Estrada, Sam Riley faz o papel de Sal Paradise e Garrett Hedlund é Dean.

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Ainda os acompanha a namorada de Dean, Marylou (que na verdade era, na vida real, uma ex-namorada de Cassady, àquela altura já casado, cuja mulher e filha ele havia deixado para trás em San Francisco, na costa oeste). E, em algumas das jornadas, outro companheiro, Ed Dunkel, que havia deixado a mulher no meio do caminho, enquanto se rendia ao convite da estrada.

Em On the road estão presentes, como personagens, quase todos os demais grandes nomes da Geração Beat, a exemplo do poeta Allen Ginsberg e do escritor William Burroughs. Estes dois formaram, com Kerouac, a trinca central. Ginsberg, em especial, pode ser considerado como o responsável direto pela projeção de Kerouac, divulgando-o junto a editoras e à imprensa mesmo quando Jack o rechaçava. De Ginsberg, tornou-se famoso o longo poema Uivo. E Burroughs, intelectual e pesquisador acurado, obteve fama com romances viscerais, como Junky (Drogado, no Brasil), Almoço nu e Geer.

No mercado editorial brasileiro, praticamente toda a obra de Kerouac está disponível, pela L&PM. A edição original de On the road no País ocorreu pela Brasiliense, em 1984, em tradução de Eduardo Bueno e Antonio Bivar. A Brasiliense, a L&PM e outras editoras ainda apostaram forte nos demais autores, publicando Ginsberg, Cassady, Gregory Corso (com seu surpreendente Lady Gasolina)…

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Já os principais livros de William Burroughs atualmente estão disponíveis em edições pela Companhia das Letras. Outros expoentes daquele grupo, como Lawrence Ferlinghetti, com seu Um parque de diversõs na cabeça, e Charles Bukowski, com Mulheres, abrilhantam essa eclética literatura.

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Os Hippies

Talvez por circunstâncias da época e pela flexibilidade e facilidade para viajar nas condições em que o faziam, de carona e com parcos recursos, o movimento Beat era majoritariamente integrado por homens. As mulheres recém começavam a abrir mais espaços na sociedade, na esteira da flexibilização dos costumes. Assim, não raro, enquanto eles viajavam e ficavam fora de casa por semanas ou meses, elas seguiam cuidando do lar, e criando os filhos.

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Se em vida Jack Kerouac alcançou a fama a partir da publicação de On the road, com presença na mídia e em eventos, uma definitiva internacionalização de seu nome e de sua obra-prima ocorreu só após a sua morte, nos anos 1970, quando os hip-pies, com sua celebração do amor livre e da liberdade, o resgataram. Foi o tempo da atração irresistível pelo misticismo do Oriente, quando milhões partiam para a Europa e, de lá, pegavam o Magic Bus rumo à Índia e ao Nepal.

Basta conferir o romance Hippie, de Paulo Coelho, para compreender esse fenômeno. E novo entusiasmo em torno de Kerouac surgiu nos anos 90, quando, já no fim do século, as viagens novamente se tornaram uma prioridade. Resta aguardar pela próxima onda Keroauc, com legiões de jovens pondo o pé na estrada.

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