A escritora Nélida Piñon completou 85 anos de idade nesta terça-feira, 3. Deles, 70 foram dedicados à literatura, com livros que oferecem um olhar marcante e sensível para a história e para o sentimento humano, sempre ligado à percepção do mundo à sua volta. Livros em que prevalece a voz coletiva pois, como ela diz, “o escritor tem dentro de si as vozes do mundo”.
“Há sempre um acordo tácito e misterioso que se estabelece entre um livro e o leitor”, ela já disse em uma entrevista ao Estadão em 2005. “A literatura abriu-me as portas do paraíso, e ao mesmo tempo do inferno. Me ensinou a ser mestre de mim mesma, porque eu aceitei a maestria do mundo. Vivi sempre com intensidade. Não me furtei de viver, não me furtei de aprender, não me furtei de amar profundamente a língua portuguesa que é a grande razão da minha vida”, disse no ano passado à imprensa portuguesa.
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Nélida Piñon nasceu no Rio de Janeiro em 1937. Formou-se em jornalismo e escreveu para diferentes publicações. Em 1961, lançou seu primeiro trabalho, Guia-mapa de Gabriel Arcanjo. Logo depois, viriam os livros de contos Tempo das frutas e Sala de Armas e os romances Fundador e A Casa da paixão. Primeiros momentos de uma carreira de enorme sucesso, que veria também o lançamento de obras marcantes da literatura nacional, como A República dos Sonhos, A Doce Canção de Caetana e O Calor das Coisas.
São todas obras nas quais ela realiza intensa investigação da forma e de linguagem. “A linguagem é tão poderosa que só através dela poderia dizer tudo o que pensava; é como se houvesse dentro da literatura uma visibilidade e uma invisibilidade, algo que pode e não pode ser tocado, a grande ambiguidade do texto”, explicou ela ao Estadão em 2005, falando da preocupação de, a cada livro, encontrar a estrutura e a linguagem que se prestam à história narrada.
Lançado em outubro de 1961, foi a estreia da autora na literatura. No livro, a protagonista Mariella e o Arcanjo Gabriel debatem sobre a vida, a relação entre o ser humano e Deus e sobre a necessidade de buscar liberdade fora do dogma cristão.
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Publicada em 1980, a coletânea de treze contos é representativa da preocupação da autora em refletir sobre a linguagem e a importância da palavra, que pode tanto se prestar às paixões humanas quanto à manipulação política.
A escritora voltou-se em diversas obra a suas origens galegas. E neste livro de 1984 narra a história de imigrantes que chegaram ao Brasil no início do século 20. Por meio da trajetória de Madruga, relembrada pela neta, ela cria um relato sobre sonhos, ideais e fracassos pessoais.
O desejo individual e o contexto social se misturam neste livro de 1987. A atriz Caetana retorna à sua cidade natal, reencontrado personagens e traumas do passado. Como pano de fundo, a empolgação com a final da Copa do Mundo de Futebol de 1970 e o período da ditadura militar no Brasil.
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Em 2015, Nélida Piñon recebeu de seu médico o diagnóstico de um câncer que lhe deixava apenas poucos meses de vida. Começou a escrever um diário, refletindo sobre o passado e sobre a mortalidade. Pouco depois, descobriu que o diagnóstico estava equivocado. Mas seguiu com a escrita, dando origem a Uma Furtiva Lágrima, publicado em 2019.
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