Na coluna anterior, registramos dados da presença dos negros em Santa Cruz do Sul, antes e depois da colonização alemã que começou em 1849. O trabalho tem o apoio do leitor Luiz Carlos Ferreira, que pesquisa seus antepassados.
Sua família descende da escrava Jesuína, nascida em Alegrete e que foi doada a Laureana e Urbano Correa de Oliveira, fazendeiros de Capivari (Rio Pardo). Em 1881 (antes da Lei Áurea), viúva e sem filhos, ela fez testamento, deixando área de terras aos filhos de Jesuína.
Luiz possui cópia do testamento. É uma peça histórica, que mostra a realidade da época, como a preocupação com o pós-morte. Laureana estipula as orações que deverão ser rezadas por sua alma durante um ano e garante uma esmola aos pobres que assistirem à missa de sétimo dia.
Fixa uma quantia para cuidarem da sua sepultura e distribui o gado e parte das suas terras a familiares. À prole de Jesuína, doou meia légua de campo, em Rincão das Figueiras. Mas, até agora, eles nada receberam.
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Os nove filhos de Jesuína chamavam-se Juvêncio, Corina, Fábia, Marciano, Januário, José, Garibaldino, Paulino e Deolindo. O sobrenome Gonçalves da Silva foi dado por um uruguaio, compadre de Laureana.
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Celina (bisavó de Luiz) era filha de Juvêncio, alforriado em 1865. Ele ficou morando na fazenda, mas os irmãos espalharam-se pela região. Celina, ao ficar viúva, mudou-se para Santa Cruz, junto com a filha Alzira (Fionga). Esta casou-se com Fermino Rodrigues da Silva e seus descendentes são santa-cruzenses.
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Até por volta de 1940, descendentes de escravos e moradores de quilombos da região encontravam-se em Santa Cruz para comemorar o fim da escravidão. As reuniões, com música e comida, ocorriam em um mato na esquina das ruas Epitácio Pessoa e Campos Sales.
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