Negociadores russos e ucranianos realizaram rodadas de discussões nessa sexta-feira, 22, afirmou o chefe da delegação de Moscou, mas o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, disse que as iniciativas diplomáticas para encerrar a guerra continuam empacadas. O negociador-chefe da Rússia, Vladimir Medinsky, confirmou que “várias conversas longas” haviam sido realizadas, mas não ofereceu detalhes. No início da semana, o Kremlin disse que a Rússia submeteu uma nova proposta por escrito, mas o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse que não havia visto ou ouvido nada sobre as negociações.
Ainda não está claro se as duas partes podem retomar as iniciativas vacilantes de paz, mais de oito semanas depois que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia. Em comentários separados nessa sexta-feira, Lavrov, que já acusou Kiev anteriormente de prolongar o processo de paz, expressou um tom desanimado sobre as negociações. “Elas estão paralisadas agora, pois a nossa última proposta, que foi entregue aos negociadores ucranianos há cinco dias e formulada de acordo com os comentários que recebemos deles, ainda não foi respondida”, disse Lavrov em um briefing.
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O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em uma conversa por telefone nessa sexta, que o governo de Kiev mostra que não está pronto para buscar soluções mutuamente aceitáveis, e acusou a parte ucraniana de ser “inconsistente nas negociações”. Depois de um aparente progresso em março, a atmosfera em torno das negociações de paz azedou após acusações dos ucranianos de que tropas russas realizaram atrocidades em uma cidade próxima a Kiev, enquanto se retiravam da área. A Rússia nega as acusações, afirmando que elas foram elaboradas para desestabilizar iniciativas de paz e servir como pretexto para novas sanções do Ocidente contra Moscou.
A Rússia pretende assumir o “controle total” do Sul da Ucrânia, disse um alto comandante militar russo na sexta-feira. Contudo, não ficou claro se esse anúncio representa uma mudança da política oficial do Kremlin para a guerra. O general Rustam Minnekayev disse que uma segunda etapa do conflito começou durante a semana. “Um dos objetivos dessa fase é assumir o controle total do Donbass e do Sul da Ucrânia.” Ele ressaltou que isso permitiria à Rússia controlar os portos ucranianos do Mar Negro.
Segundo o general, a Rússia estava tentando ganhar o controle de uma faixa de território que se estende até a Moldávia, o que permitiria que Moscou “influencie elementos críticos da economia ucraniana” e ganhe “mais um ponto de acesso” ao enclave da Transdnístria, um território separatista pró-Rússia no leste da Moldávia. Essas são metas muito mais ambiciosas do que as estabelecidas pelo presidente Vladimir Putin nas últimas semanas, que se concentraram em ganhar o controle da região de Donbass, no Leste da Ucrânia.
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E também não parecem ser realistas, pelo menos por enquanto. Os observadores militares questionam se a Rússia tem tropas e equipamentos suficientes para vencer em Donbass e no Sul da Ucrânia, que abriga Odessa, uma cidade fortificada com 1 milhão de habitantes. “Quero lembrá-los de que muitos planos do Kremlin foram destruídos por nosso Exército”, escreveu Andri Yermak, chefe de gabinete do presidente da Ucrânia, nas redes sociais, em resposta aos comentários feitos por Minnekayev.
A Fina, entidade que rege a natação mundial, afirmou, nessa sexta-feira, que suspendeu o medalhista de ouro olímpico russo Evgeny Rylov por nove meses, após ele participar de um comício em apoio à campanha militar da Rússia na Ucrânia. A decisão provocou reação irada do Kremlin e de autoridades esportivas russas.
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Rylov, que ganhou o ouro nas provas de 100 e 200 metros costas nas Olimpíadas de Tóquio do ano passado, estava entre vários atletas que participaram de um grande comício no estádio Luzhniki, de Moscou, no mês passado, organizado pelo presidente Vladimir Putin. O campeão olímpico e outros atletas usaram a letra “Z” em suas roupas, um símbolo de identificação usado pelos apoiadores do que a Rússia chama de “operação militar especial” na Ucrânia.
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