Eu até gostaria de falar sobre outro assunto. Mas, em meio a uma nova onda de casos de Covid-19, é inacreditável conviver ainda com tentativas de desacreditar ou evitar a vacinação. A quem isso interessa, quando se sabe que só a imunização em massa foi capaz de conter a escalada de mortes no ano passado? Que somente a garantia do esquema vacinal proporcionou o afrouxamento das restrições ao comércio, o afastamento do fantasma do lockdown e a retomada das atividades econômicas? A quem interessa criar obstáculos para o Brasil sair da crise? Que benefícios essa postura pode trazer a alguém? É incompreensível.
O problema é mundial. E uma das coisas mais decepcionantes, nestes tempos pandêmicos, é constatar o negacionismo em pessoas que você admirava e são referência nas mais diversas áreas. Por exemplo, Eric Clapton. Em junho do ano passado, o músico britânico de 76 anos, um dos maiores guitarristas da história, disse que se negaria a tocar em casas de shows que exigissem passaporte vacinal. Depois, provavelmente pela má repercussão, mudou de ideia: em setembro, em New Orleans, Clapton se apresentou para um público que precisou trazer comprovante de vacinação ou teste negativo feito em até 72 horas antes do evento.
Menos mal. Eu já não sabia bem o que fazer. Não é tão fácil separar o artista do indivíduo, com suas opiniões e manias. Tenho uma dezena de CDs e DVDs do Clapton. Deveria enfiá-los num saco e atirá-los em um contêiner de lixo? Não, fora de questão. Para quê? Mal comparando, o escritor francês Louis-Ferdinand Céline detestava judeus e apoiava os nazistas. E você não joga fora um livro como Viagem ao fim da noite por causa disso. Ou jogaria?
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Críticos da imunização sempre terão explicações que julgam razoáveis para insistir na recusa. Também foi assim há mais de um século, durante a Revolta da Vacina. Negacionista? Não, eu sou um defensor das liberdades individuais ilimitadas, etc. Mas ainda enfrentamos a doença. E se houve alguma vitória nesta guerra, ela foi resultado da vacinação, que se mostrou eficaz para prevenir quadros mais graves, internações e mortes.
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