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Crise florestal

Natural da região, jornalista relata onda de incêndios na Austrália

Glauber Dal Osto registrou foco de incêndio próximo de onde passou a virada do ano / Foto: Glauber Dal Osto

Com um centro de baixa pressão que impulsionará ar mais seco do Centro da Argentina para o Sul do Brasil, a MetSul Meteorologia projeta que a fumaça originada nos incêndios da Austrália chegará ao Rio Grande do Sul entre o fim desta terça-feira, 7, e início de quarta-feira, 8. Desde setembro, o país da Oceania vive uma das piores crises florestais das últimas décadas. Considerado natural, o fenômeno é causado pela combinação de altas temperaturas – acima de 44 graus – e pouca chuva, que deixa a vegetação extremamente seca.

A região teve um morador que presenciou a onda de incêndios. Natural de Passo do Sobrado e formado em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), João Pedro Kist, de 23 anos, foi morar na Austrália em março de 2018 para estudar inglês por seis meses. Acabou arrumando empregos de auxiliar de cozinha e garçom e fixou residência em Melbourne.

Atualmente em férias na sua cidade natal, ele diz que incêndios em parques e reservas nacionais acontecem com muita frequência. Embora ressalte o clima seco da Austrália, Kist acredita que o fenômeno não recebeu a devida atenção do governo no princípio.

“Desde o começo trataram os focos de incêndios como algo natural para a época. Mesmo Sydney tendo sido tomada pela fumaça desde novembro, nada foi realmente feito. Somente agora, com o fogo chegando a Melbourne e Canberra, que aparentemente as providências estão sendo tomadas pelo governo”, comenta. Para ele, o país da Oceania já está sofrendo as consequências das mudanças climáticas que o governo não acredita serem reais. Com viagem de retorno marcada para o próximo dia 18, João Pedro diz não estar preocupado com a situação, porém revela estar atento ao que ocorrer nos próximos dias. “Haverá uma real preocupação se isso se agravar ainda mais.”

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João visitou parque em Ballarat. Chamas chegaram próximas ao local em novembro

Fumaça no Estado
Conforme a meteorologista Estael Sias, da MetSul, o transporte da fumaça ocorre de forma semelhante ao das cinzas vulcânicas do vulcão chileno Calbuco, que chegaram em 2015. “A corrente de jato a 10 quilômetros de altura e com vento de 300 quilômetros por hora transposta material – cinzas vulcânicas e fumaça de queimadas – para a atmosfera a longas distâncias, sobretudo quando não há chuva forte no caminho que faça a ‘limpeza’ da atmosfera”, salienta Estael. De acordo com ela, amanhã e na quinta-feira é provável que o pôr-do-sol apresente um tom brilhante alaranjado por efeito da fumaça, que chega por aqui bem mais atenuada em razão da longa trajetória. “Não teremos nada parecido com o que ocorre na Austrália”, afirma.

Por causa dos incêndios no país da Oceania, ao menos 25 pessoas e quase 500 milhões de animais morreram. Mais de 8 milhões de hectares já foram atingidos e cerca de 100 mil pessoas acabaram desalojadas de suas residências para fugir do forte calor. Inúmeros municípios ficaram sem eletricidade e cobertura de telefonia móvel. Na Nova Zelândia, geleiras adquiriram tons de marrom após o contato com a fumaça e as cinzas.

Na virada do ano, o céu ficou vermelho em cidades como Melbourne e Sydney. O fato impressionou Glauber Dal Osto, que é natural de Rio Pardo e mora desde 2014 em Sydney. “No réveillon estávamos viajando e nas beiras das estradas as vegetações estavam todas queimadas. Houve um foco de incêndio perto de onde estávamos no dia 31 de dezembro, mas logo foi controlado”, conta o rio-pardense de 30 anos. A chuva nessa segunda-feira amenizou temporariamente a situação, relata Dal Osto. “Há previsão de mais chuva. Então esperamos que parem um pouco as queimadas.”

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Imagens de satélites da Nasa mostram as extensas colunas de fumaça partindo da Austrália

Multa até para quem for pego fazendo um churrasco
Segundo Glauber Dal Osto, as cidades ao Sul de Sydney vêm sendo esvaziadas de turistas. Parques e campings também estão fechados. “Em alguns dias do ano passado eu tive trabalhos cancelados por causa da fumaça e da baixa qualidade do ar. Eu e outros amigos tivemos dores de cabeça que, acreditamos, foram por causa da fumaça”, ressalta. O governo também estipulou multa para quem for pego fazendo fogo em uma área aberta. “São multas altíssimas e até cadeia para quem for flagrado até mesmo fazendo um churrasco.”

Também chama a atenção o cheiro forte de fumaça. “Perece que estamos acampando. Mesmo os focos sendo a 100 quilômetros de distância daqui de Sydney”, diz. O trabalho de jardinagem também foi afetado. “Isso me prejudicou. A grande seca fez com que ficasse difícil uma casa com a grama verde em seu jardim. Está tudo seco e morto. E estamos em um grande racionamento de água”, conta Glauber.

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