A essa altura de meu campeonato estou muito contente por ter boa saúde, ainda jogar tênis, subir escadas sem estrebuchar. Lido relativamente bem com a internet, não assino mais jornais físicos, só os de assinatura pela internet, como a Gazeta e a Zero Hora. Não tenho Facebook e coisas do gênero, mas não critico quem as use. Tenho meu blog que já passou de um milhão de acessos, mas agora só posto o que considero relevante. Não pretendo mais reformar o mundo, nem criticar quem pense diferente de mim.


No passado critiquei muito quem fizesse do Natal uma saturnália de bebidas e foguetório. Desisti porque isso não tem volta. O deus consumo venceu de goleada. Então me recolho, quieto, com minha família, no meio do mato na fazenda (der liebe Gott geht durch den Wald – o querido Deus caminha através da mata). Ouvimos o cantar das aves, sentimos o perfume das flores e árvores nativas.


O Natal, na época em que eu era criança, era dia 25 de dezembro.

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Dia 24 era como qualquer outro, dia de trabalho. Portanto, eu ajudava meu pai, que era representante da Coca-Cola para Santa Cruz, a carregar a Dodge com engradados e os levar aos restaurantes e clubes.


Dia 24, o anoitecer era o usual: antes da janta todos ajoelhados em torno da mesa, para rezar o terço. Janta normal: arroz, feijão e carne.


Dia 25, sim, era Natal. Acordávamos cedo para olhar, junto ao pinheirinho, o que o Papai Noel havia trazido. Era um só presente para cada filho. Nada mais.

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Depois, as maravilhosas missas na catedral, a duas quadras de nossa casa. Naquele tempo, as missas eram rezadas em latim.


Voltávamos da missa e rumávamos para Boa Vista, a 17 quilômetros de Santa Cruz, onde moravam nossos avós.

Minha mãe e minhas irmãs desembarcavam onde morava a vó materna Bertha Etges.

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Eu seguia com meu pai mais um quilômetro, onde residiam meu avô Rudolf Gessinger e minha avó Rosa Klafke.


Na vó Bertha havia cachorros, arma de caça, vacas, cavalos.


No vô Rudolf: taças de cristal, piano, cítara, violinos.

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Tudo isso se foi, ao menos nas cidades grandes. Natal é, para muitos, ocasião para tudo, menos para lembrar aquele que se homenageia na data. Esqueceram o aniversariante na manjedoura.


De minha parte acho que o silêncio, a reflexão e a família são tudo de bom.


Resumo: “Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria e o máximo possível de sabor”(Roland Barthes, em aula inaugural da cadeira de semiologia literária em 7 de janeiro de 1977).

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Um afetuoso abraço aos meus leitores. Fico muito feliz com seus comentários e também com as críticas.

TI

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