O mês de dezembro, conforme o pároco da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, Gelso Bernardy, na religião católica inicia com a preparação para o Natal, o chamado tempo de advento, de espera. Este período costuma ser marcado por sentimentos de gratidão, pelo perdão, encontro, alegria e a renovação da esperança de que novos e melhores dias virão.
Para o seminarista que estagia neste mês na Paróquia, Alexandro Foletto, aluno do 3º ano de Teologia, neste tempo de advento, a Igreja e todo cristão devem se preparar para aquilo que é importante. “É isso com tudo na vida. Estudos, trabalho, a família. Tudo exige de nós uma preparação e os tempos festivos para a Igreja não são diferentes, exigem do cristão uma certa preparação para viver aquilo que é o seu verdadeiro significado, pois do contrário, o Natal chega, é somente mais um feriado, mais uma data no calendário civil. E para nós não, esta é sim uma data especial, muito importante. É quando nosso Senhor Deus, em sua infinita bondade, vem ao encontro da humanidade, que muitas vezes decai, é fragilizada”, destaca Foletto.
Segundo ele, isso tudo é importante para a humanidade, faz parte de uma espera marcada por quatro domingos. “O primeiro domingo é o da esperança, onde estamos relembrando o nascimento do nosso Senhor, mas esperamos o nosso encontro com Ele. No segundo domingo celebramos o amor. O amor de um Deus que se doa, que vem até nós, que se rebaixa até nossa humanidade, porque por nossa própria força, por nosso próprio mérito não somos capazes de fazer. Então um Deus que celebramos como o Deus do amor, que reestabelece uma aliança. Apesar das nossas fragilidades e apesar dos nossos pecados”, explica.
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Depois é chegado o terceiro domingo do advento, conhecido como domingo da alegria. “Quem espera, espera algo bom e com alegria. Então o anúncio dos anjos aos pastores é este: não tenhais medo, eu vos anuncio uma grande alegria. Nasceu para vós o Salvador que é Cristo Senhor. Então temos a alegria da presença de Deus em nosso meio. Celebrar o Natal é justamente isso. Celebrar nosso Senhor que por amor e, correspondendo a esperança de um povo, vem habitar em nosso meio, no mundo”, evidencia o seminarista.
Já o quarto domingo, conforme explica, é o do júbilo, o domingo da proximidade, “em que celebramos Nossa Senhora já grávida, que vai levar esse menino até sua prima, Santa Isabel, para dizer que o amor tem pressa em ser comunicado, em ser anunciado. O Natal é isso também: um Deus que corresponde a esperança e pede de nós alegria, porque Ele está conosco, mas também levamos esse anúncio às outras pessoas. Acredito que tudo aquilo que é bom para a gente temos a necessidade de comunicar aos outros. Esse mesmo amor de Deus hoje se concretiza, porque Ele está conosco”.
Foletto incentiva a reflexão: “Podemos nos perguntar: haverá Natal em 2021? Haja vista que ainda estamos em pandemia, que neste período houveram tantas perdas, quanta crise financeira, dificuldade… e o anúncio da Igreja, do Natal, ainda é alegria? Mas, esta não é uma alegria terrena, é uma alegria transcendental, é uma alegria daquele que sabe que Deus está conosco. A presença do Cristo na manjedoura, no presépio, é esta mensagem. Deus está conosco. Esteve com seu povo, preparando eles na esperança, e permanece estando em nosso meio. Então o anúncio é de esperança, amor, alegria e júbilo, porque Deus caminha com seu povo”, conclui.
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Para o padre Gelso Bernardy, em certos momentos a vida pode ser duramente provada, como vem sendo, por situações que nos tocam, que ferem a humanidade também. “E nós, feridos com maior intensidade quando são atingidas pessoas que amamos e fazem parte da nossa família e da comunidade à qual pertencemos, também nos sentimos feridos todos. Esse período de distanciamento social que vivemos, sob os efeitos da pandemia, trouxe consequências no mundo todo. Na realidade, no contexto em que vivemos, neste clima festivo de Natal, e não só durante a pandemia, e ainda vamos continuar, muito dessa dor, dessas perdas, são amenizadas com gestos de amor, caridade, solidariedade, os quais nosso querido povo faz muito bem. É só olhar para dentro dos nossos municípios que a gente percebe isso no dia a dia”, salienta ao falar de um tempo de fé e renovação. “Em nome da fé no senhor Jesus, porque ele nos ensinou a partilhar, até mesmo nos momentos difíceis de nossa vida. Do pouco que tenho, partilho com o outro. Não digo só materialmente, mas também espiritualmente, acolhendo, demonstrando amor para as pessoas”, acrescenta.
O nascimento de Jesus, conforme o líder religioso, é o maior presente que podemos dar para alguém. “A espera não deve ser tomada por medo, mas marcada pelo presente do amor de Deus. O tema do advento da Igreja Católica neste ano, devido a pandemia e seus efeitos é ‘Não temas’ (Mateus 1:20). Uma expressão usada por Deus para encorajar Maria e José, diante das dificuldades e preocupações encontradas, para cuidar do recém-nascido e proteger a vida em meio a tantas ameaças. Com essas mesmas palavras o Senhor convida cada um de nós a comprometer-se com o cuidado da vida, na família e na comunidade diante das ameaças que ferem, na realidade de hoje, a nossa dignidade de filhos e filhas amados de Deus”, pontua.
Ao celebrar o nascimento de Jesus, o pároco reforça que Ele continua próximo da humanidade. “Ele continua estendendo os braços para nos erguer, erguer os caídos, os pecadores, mas, com seu amor misericordioso, curar os corações feridos com o bálsamo do amor. Rejuvenescer a esperança dos aflitos com sua ternura. Acalentar o coração e renovar a força dos desanimados com sua presença, muitas vezes silenciosa, percebida apenas pelo coração de quem precisa de amor para continuar o caminho da vida. E quem não precisa de amor para continuar o caminho da vida?! E Ele nos dá esse amor, que se renova a cada ano e, nós também transferimos este amor, manifestamos as pessoas em gestos, atividades, encontros, celebrações. Isso é a presença de Deus entre nós. Por isso, não devemos ter medo, mas celebrar e nos alegrar em família, comunidade, nos alegrar com a humanidade, na confiança de que o Espírito Santo nos dará coragem para sermos testemunhos daquele reino que já está entre e dentro de nós”, finaliza.
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Edgar Heise, ministro candidato religioso da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, em Sobradinho e Arroio do Tigre, fala sobre a representatividade da data
Natal significa nascimento. Isso quer dizer que quando estamos celebrando aniversário, estamos celebrando o nosso natal. E, nesta data, o Natal é especificamente o nascimento de Jesus, do nosso Salvador. Vivemos na atualidade um período, digamos, mais consumista, e isso, por vezes, nos afasta do verdadeiro sentido.
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Quando falamos em Natal temos que falar do que isso significa em nossas vidas. Trago dois exemplos: os Reis Magos e os pastores. São dois contextos totalmente distintos. Os reis magos com grande poder aquisitivo e os pastores, de menor poder aquisitivo, pobres.
Pensando de forma separada, a Bíblia nos fala do Natal dos Reis Magos. Eles eram estudiosos das profecias e foram atraídos pelo brilho incomum de uma estrela e saíram em busca do recém-nascido, sendo guiados por esta estrela. Eles entregaram suas ofertas: ouro, incenso e mirra. Este foi o Natal da desambição, da generosidade e da gratidão. Esse é um contexto que se torna mais próximo da ideia do Papai Noel, da doação. Quando comemoramos o Natal na Igreja Evangélica, também estamos abertos a se doar, de tirar a ideia do individualismo. Os Reis Magos então tinham esse poder aquisitivo, mas também para poder doar e foram ao encontro do menino Jesus.
E em contrapartida, mudando o contexto econômico, temos o Natal dos pastores, mas que não foi diferente do Natal dos magos. Enquanto os pastores apascentavam seus rebanhos, suas ovelhas nas colinas próximo à pequena Belém, e passavam a noite conversando, apareceu um anjo trazendo-lhes uma boa notícia. A do nascimento do Salvador, de Cristo Senhor. Nesse momento os pastores foram até Belém. Convidados a dar louvares, aceitaram a revelação divina e não hesitaram em atendê-la. Depois de ver Cristo, retiraram-se louvando e cantando a Deus.
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Observa-se aqui a questão do aceitar, de simplesmente ir ao encontro. E isso também é o Natal. Ele nos chama para ir ao encontro das pessoas, seja nós de poderio econômico maior ou menor. E o Natal nos remete ao Evangelho, a boa notícia, e aí que temos o real sentido do Natal. ‘Nesta noite em Belém nasceu o salvador da humanidade, que irá resgatar as pessoas, transformando mentes e corações. Ele irá aniquilar o mau e fazer com que o Reino de Deus nasça nos corações daqueles que acreditam nas promessas de Deus e não se deixam corromper pelo mundo’. E é aí que se retomam os exemplos. Os Reis Magos poderiam continuar em seus estudos, continuar com suas riquezas, e chegaram e buscaram dar o que tinham de melhor naquele tempo, objetos de grande valor. E aí também temos o Natal dos pastores, que vão para louvar, agradecer.
Muitas vezes se imagina que Natal é somente o dar presentes. O presente está em segundo plano. O primeiro plano é reconhecer que estamos indo adorar o Salvador. E o Natal podemos colocar em prática em nossa família, em nossa comunidade.
O real sentido do Natal é a vinda desse Deus que se revela a nós como carne e osso, como um de nós, que vem ao nosso encontro, que abre mão de tudo, do Seu poder. Ele abre mão de ser aquele rei que muita gente esperava. Por exemplo, as pessoas imaginavam que o Salvador fosse nascer na capital, em um palácio, em berço de ouro. E onde ele nasceu? Em uma manjedoura.
Então, Natal é tempo especial para pensar sobre o sentido da vida também. É uma época em que as pessoas se sensibilizam, tornam-se abertas à comunhão, ao amor e ao perdão. É tempo de acolher pessoas em nossa casa, em nossa comunidade, em nossa vida. Celebrar o Natal significa conhecer um Deus que se faz pequeno, que se revela em meio à fraqueza, à pobreza, mas ali Ele revela a grandeza do amor que tem por nós. Natal está no sentido do amor, um amor que vai ao encontro das pessoas. Deus sempre olha para nós com amor. Nos aceita na nossa diferença, sabe que nós somos pecadores, que somos diferentes”.
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