Que tal um desafio para este fim de semana? Pergunte para a primeira mulher que você encontrar (namorada, esposa, tia, irmã) se existe alguma parte do corpo que ela não gosta, que ela mudaria, que preferiria ver de outro jeito. “Só um pouquinho mais de bunda”; “Um peito menos caído”; “Um cabelo mais liso”; “Uma coxa sem celulite”; “Uma barriga mais seca”; “Uma orelha mais delicada” (sim, já ouvi até isso).
Nascemos condicionadas a entender que beleza é capa de revista. Crescemos assistindo a modelos de barriga chapada, bunda grande e peitos siliconados; formamos nossas personalidades entendendo que magreza é saúde e que seios grandes e pernas definidas nos tornam a tal “mulher gostosa.” Gostosa para quem? Para nós mesmas? Ou para o homem?
É difícil sair desse ciclo. Ainda que o feminismo trabalhe diariamente para nos mostrar que beleza tem a ver com a nossa maneira de enxergar o mundo e não com o senso comum, eu me pego várias vezes nele.
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Nesse verão, porém, a internet me apresentou referências lindas de, me desculpem o vocabulário, “Foda-se o padrão. Fodam-se os complexos. Viva a diversidade de corpos!” Gurias com as mais variadas formas encheram o feed do Instagram com fotos de biquíni e legendas que lembraram que o processo de aceitação não é fácil, mas está sendo construído. E, melhor ainda: consolidado. É bom levar alguns tapas na cara.
Com base nesses exemplos, me permito aqui compartilhar uma pequena conquista de amor próprio. Sempre fui complexada com os meus peitos ou, como reproduzia: “com a falta deles”. Tenho seios pequenos. E por mais bobo que pareça, esse incômodo me acompanhou desde a pré-adolescência. Cresci procurando sutiãs de enchimento que fizessem eu parecer ter um pouco mais de volume e segurar a minha onda até eu finalmente colocar o silicone.
Comecei a questionar esse padrão quando, em conversa com meu ex-namorado, ele perguntou por que, afinal de contas, eu queria tanto “mais peitos”. Aquela pergunta, confesso, me pegou de surpresa. Por que ele não haveria de gostar? Foi então que a virada de chave começou. Repito a pergunta: colocar silicone, afinal de contas, era mesmo para mim? Mudei de ideia.
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O tempo passou e, naturalmente, comecei a dar menos importância ao fato. Amadurecer é bom. Buscar referências de amor próprio, fazer terapia e deixar de lado a comparação com a coleguinha do lado, também. Evitemos esse desserviço. Me desprender desse complexo foi uma revolução em minha autoestima e na compreensão que hoje tenho de estética. Aliás, não está errado ter silicone. Errado é a gente não se amar. Um sutiã sem enchimento, por favor.
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