Quando adentrou na antiga redação da Gazeta do Sul, em 19 de janeiro de 1978, o então motorista de ônibus Osmar Severo, da linha Santa Cruz do Sul – Boqueirão do Leão, não imaginava estar trazendo uma informação que viraria notícia estadual: na localidade de Três Léguas, a menina Noemi Appel, de 12 anos, havia sido atacada por um leão baio (puma) e estava hospitalizada em Barros Cassal.
A história saiu na Gazeta e gerou enorme repercussão, pois, há anos, não se ouvia falar em casos assim. O repórter Paulo Treib e o fotógrafo Hélio Christmann (ambos já falecidos) foram conferir o fato.
A menina, que era franzina, foi tratar uma porca com cria nos fundos da propriedade e, ao sair do chiqueiro, deparou-se com a fera, que estava com um leitão na boca. Ao tentar correr, foi atingida por uma patada na cabeça e arrastada pelos cabelos em direção a um morro com mato.
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Noemi foi puxada por cerca de 80 metros, por cima de pedras e espinhos. O puma somente a soltou quando o cavalo que ela usava para ir à escola começou a empinar e a relinchar. A menina perdeu boa parte do couro cabeludo e ficou com ferimentos pelo corpo. O ataque foi dia 16 e ela permaneceu internada por uma semana.
Evaldo Appel (pai da garota) e os vizinhos iniciaram uma caçada à fera, que há meses vinha matando animais nas redondezas. O IBDF (hoje Ibama) alertou que o puma estava em extinção e que não podia ser abatido, sob pena de prisão e multa.
O Lions Clube 1849, de Santa Cruz, presidido por Rubem Genehr, trouxe uma armadilha do zoológico de Sapucaia para capturar a fera viva. Com um leitão amarrado no seu interior, ela ficou armada por alguns dias, mas sem sucesso. É possível que os moradores tenham abatido o animal, mas deixaram em segredo para evitar problemas.
No passado, o puma (onça parda, leão baio ou suçuana) era comum na região. Ele pode atingir 1,20 m de corpo e 65 cm de cauda. É ágil, rápido e exímio caçador.
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Pesquisa: Arquivo da Gazeta do Sul
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