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Não sou psiquiatra!

Na campanha eleitoral de 2018, um repórter perguntou a Bolsonaro o que ele teria a dizer acerca de uma provocação (contra ele, Bolsonaro) realizada pelo também candidato Ciro Gomes. Bolsonaro respondeu: “Nada. Não sou psiquiatra!”

Além de criativa e igualmente provocativa, a resposta guarda consonância com a realidade, haja vista que são conhecidos a agressividade e o destempero verbal de Ciro Gomes.

Faço esta introdução ao tentar compreender e responder infindáveis perguntas que os brasileiros têm se feito acerca das atitudes do presidente desde a sua posse, mas especialmente nos últimos meses.

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Afinal, suas frequentes, ofensivas e intempestivas manifestações fragilizam e comprometem drasticamente sua pessoa, o governo e, consequentemente, o interesse nacional.

Suas atitudes atestam ausência de diplomacia internacional e de liderança nacional. Em suma, expressam a negação do que seria um governo pretensamente confiável.

Mas há algo pior. Desde o princípio da pandemia, seu desdém com os argumentos científicos, os maus exemplos de conduta sanitária e sua minimização dos efeitos emocionais e vitais coletivos, relativizando as prováveis consequências de modo perverso e ofensivo, agravaram demasiadamente o que se pensava a seu respeito.

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Antes das eleições, afirmei que Bolsonaro é notória e assumidamente autoritário, cultuando e disseminando ideias e práticas de alto risco e socialmente desagregadoras. Imaginei que tivesse feito um resumo adequado e razoável.

Agora, todavia, se alguém me pedir para redefinir um perfil do presidente, não me ocorre outra resposta se não a mesma que Bolsonaro deu a Ciro Gomes: “– Não sei. Nao sou psiquiatra!”

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Todas as vidas importam

Nas últimas semanas, chorei várias mortes. De desconhecidos e amigos. Entre estes, de Roni Hasstenteufel (1955-2020), parceiro de tantos encontros com amigos comuns. De Jacó Sannt Clair Bittencourt dos Santos (1941-2020), de elevadas discussões sociais e políticas.

De Milton Durante (1959-2020), o Mina, meu vizinho e companheiro de infância e adolescência. E, agora, do jovem Luiz Henrique Roesch (1981-2020),o Ike, o Batatinha, como o chamávamos carinhosamente nas peladas de futebol.

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Na sua despedida definitiva, generosos e compreensivos com a dor de familiares e amigos, com certeza eles diriam este verso de Santo Agostinho: “– Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos!”

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