Como a maioria dos contemporâneos meus, emergi para a juventude e a vida adulta ainda sob a vigência do regime militar em nosso País. Lembro que, naquele período, para se credenciar à cobertura de uma visita presidencial, por exemplo, repórteres e fotógrafos tinham que se submeter a uma criteriosa avaliação em unidade militar.
Por que falo nisso? Não pensem que seja para referendar aquele regime. Mas para dizer que, naquele período de narrativas sinistras e até cruéis em represália à livre expressão do pensamento – estou falando como cidadão e da minha percepção como profissional – não imaginava testemunhar, quatro décadas depois da redemocratização, um episódio bizarro e afrontoso como o que vimos na semana que passou.
Talvez algum livro de História, em momento ainda incerto no futuro, menos contaminado por ideologia e por unilateral apropriação da verdade, dê significado e importância ao que está acontecendo em nosso País. Até porque hoje muita gente ainda não enxergou. E inclusive concorda. É mesmo? Estamos falando de censura!
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Para quem não está a par, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impôs um “boca fechada” em um canal de televisão nacional e nas demais plataformas do grupo de comunicação sob ameaça de multa e, inclusive, de fechamento do canal (!).
Juro, eu não vivi nada igual, nem no período totalitário enquanto trabalhei. Pior: este monstro, chamado censura, não está sendo gestado por um regime – afinal, não estamos numa democracia? – mas pelo Poder que deveria ser guardião da nossa Constituição.
O que você e eu vamos dizer aos nossos filhos? Vamos insistir que a lei é igual para todos e que somos livres para expressar nosso pensamento e responder por nossos atos e por nossas escolhas? Ou devemos alertar que, ao invés de se submeter à Constituição e se resguardar sob seus preceitos deverão rezar pela cartilha de um tribunal que ajusta a Carta Magna ao seu entendimento e interesses?
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Estou pasmo e desiludido com nosso futuro. Afora manifestações honrosas de instituições e parlamentares, não vejo reação da sociedade e, muito menos, dos ditos grandes veículos de comunicação a esta agressão à liberdade de expressão.
As vozes que se escondem e se acovardam por trás das bancadas mais renomadas da televisão ignoram episódios que se repetem. E silenciam, provavelmente por interesse. O que dirão quando acontecer com eles?
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