“O pessimista é um otimista bem informado.” Gosto da frase, embora generalizar seja equivocado. Diante do tsunami de denúncias de corrupção, existe um consenso de que nas eleições do ano que vem teremos uma renovação sem precedentes.

Sinceramente acho pouco provável. Não se trata apenas de memória curta, mas de uma espécie de saturação que o noticiário negativo provoca junto ao eleitor médio. Há muita desinformação, apesar do inédito e vasto arsenal de canais de comunicação de que se dispõe hoje.

A maioria lê a informação, mas é incapaz de contextualizar o conteúdo diante da conjuntura política. Já ouvi – e não foram poucas vezes – que “todos são iguais”. Ou seja: tanto faz quem for eleito, já que não teremos mudanças capazes de melhorar a vida dos brasileiros.

As prisões que se alternam no Jornal Nacional todas as noites parecem anestesiar a população.

– Não aguento mais ouvir falar desta Operação Lava-Jato! – ouvi na fila do supermercado.

Talvez o excesso de notícias ruins tenha “virado o fio” da opinião pública. Da revolta inicial se passou ao entorpecimento que mitigou a repercussão dos crimes hediondos cometidos com recursos do contribuinte.

Nós, eleitores, somos críticos ferrenhos, mas perdoamos com muita facilidade. E a nossa omissão se inicia na hora de conceder a “procuração”, que é o voto, que nós desvalorizamos. Nas eleições municipais do ano passado, vários amigos me ligaram da fila da seção eleitoral.

– Tu que acompanha a política há muito tempo, pode indicar um nome pra vereador? – perguntaram.

Entre estes amigos havia dois com pós-graduação. Os demais têm o superior completo. É lamentável notar o descaso com um direito cívico encarado como dever que só atrapalha.

Depois de eleitos, nossos representantes devem ser vigiados constantemente, sob pena de perder-se o direito à condenação em caso de ilegalidades cometidas no exercício do mandato. Mandato este, aliás, que é nosso, de todos os brasileiros que precisam fiscalizar pela postura de seus representantes.