A última sexta-feira marcou a passagem de mais um 8 de março. Foi mais um dia em que flores foram distribuídas, abraços, beijos e homenagens feitas às mulheres; foi mais um momento de reverência, que beira a hipocrisia. Não fosse assim, os dados técnicos diriam algo diferente de: uma mulher é vítima de violência a cada quatro horas, no Brasil.

Atualmente, muito se fala de empoderamento, de busca de igualdade, mas ainda não deixamos as trevas que é ver as pessoas do sexo feminino serem agredidas, simplesmente, porque são mulheres, porque lhes foi estigmatizada a pecha “sexo frágil”. Quando apenas dá flores, bombons, cartões no dia 8 de março, o homem está endossando a data comercial e ignorando o principal mote, que é a reflexão, é atrair mais gente para uma luta que não parece ter desfecho breve: o fim do preconceito e da desigualdade.

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Acha que não existe? Precisou vir a cantora Pitty para desconstruir a ideia da Amélia, que tinha em sua submissão a base para ser chamada “mulher de verdade”. A baiana da nova era do rock nacional diz: “A despeito de tanto mestrado / Ganha menos que o namorado / E não entende o porquê / Tem talento de equilibrista / Ela é muita, se você quer saber”.

É importante que o homem entenda que, quando busca espaço e igualdade, ela não está pedindo aprovação nem autorização masculina. Está dizendo que, sim, é um ser humano, merece respeito, consideração e o entendimento de Sandy, quando canta “Eu não preciso de muito dinheiro, nem sou refém do meu espelho. Não tô atrás de atenção e nem da tua aprovação”. Tem amplitude esse pensamento na letra de Triste, louca ou má, da banda Francisco, El Hombre: “Que um homem não te define, sua casa não te define, sua carne não te define. Você é seu próprio lar”.

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Mas mesmo diante das evidências trazidas nas músicas, das mulheres que servem de exemplo de luta, muitos hão de simplificar essa reflexão, que vão dizer ser “mimimi” o clamor por respeito. Talvez estes considerem normal ouvir frases como: “Deve ser bonita para ser contratada”; “Não contrato mulher, porque ela engravida e, depois, ainda fica dando atenção ao filho”; “O homem foi promovido porque tem mais capacidade de decisão. Ele age pela razão e a mulher pela emoção”; “Foi assediada, porque estava com uma saia curta e a blusa bem decotada”; “Como é que a mulher quer respeito, se fica na mesa do bar tomando cerveja?”. Talvez, esses que se acham superiores precisem ouvir mais Rita Lee: “Nas duas faces de Eva, a bela e a fera, um certo sorriso de quem nada quer. Sexo frágil não foge à luta. E nem só de cama vive a mulher”.

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Marcio Souza

Jornalista, formado pela Unisinos, com MBA em Marketing, Estratégia e Inovação, pela Uninter. Completo, em 31 de dezembro de 2023, 27 anos de comunicação em rádio, jornal, revista, internet, TV e assessoria de comunicação.

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