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“Não há uma ação de deixar o discurso para trás e efetivamente agir”, diz vera-cruzense sobre a COP28

Falta ação efetiva, diz vera-cruzense sobre a COP28

Carine Josiele Wendland, de 26 anos, participou presencialmente do evento em Dubai

A vera-cruzense Carine Josiele Wendland, de 26 anos, esteve na 28ª sessão da Conferência das Partes (COP28) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança no Clima, realizada entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ela foi uma das delegadas da Federação Luterana Mundial e participou presencialmente da primeira semana do evento.

Para Carine, o primeiro ponto que chamou a atenção foi justamente a sede. “É um baque quando você chega na cidade em que vai acontecer a conferência e ela está em um país produtor de petróleo, um dos maiores do mundo.” Ela recorda que Dubai começou a crescer no início dos anos 1960, após a descoberta de grandes reservas de petróleo no País. A extração e exportação do produto foi uma das grandes responsáveis pelo crescimento econômico acelerado dos Emirados Árabes Unidos.

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Outro destaque é que o Brasil teve a maior delegação indígena entre todos os países presentes, com mais de cem pessoas. “Ao mesmo tempo, havia muitas vezes mais negociadores envolvidos com o petróleo. Tem toda essa questão do setor privado que influencia nas negociações.” Ainda assim, ela vê como muito importante o espaço aberto para a participação de povos vulnerabilizados. “Finalmente estão começando a ser ouvidos, e não são apenas os indígenas, mas também as mulheres, jovens e pessoas com deficiência, entre outros grupos.”

Acerca das discussões, Carine observa que houve uma mudança na comunicação. Em outras edições se falava em posicionamento de governo, ou seja, como cada país encara a situação. Agora, a maneira como as percepções e ações são expressadas é que chama a atenção. Durante as discussões, os negociadores abordam partes do Acordo de Paris e outros acordos internacionais e buscam encontrar entendimentos comuns ou pontos que podem ser mudados, e é nesse momento que a forma de comunicar ganha relevância.

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“Quando você fala que os países mais desenvolvidos precisam ajudar os menos desenvolvidos e que sofrem as consequências, a forma como isso vai ser dito implica diretamente na ação.” Segundo ela, pela primeira vez se falou em acabar com o uso de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) durante uma COP, ainda que esse cenário seja apenas em longo prazo. Em 2024, a COP29 será realizada no Azerbaijão. Já em 2025, a 30ª edição ocorrerá no Brasil, com sede em Belém, no Pará.

Discursos e ações

Uma das críticas mais comuns relativas à COP é a falta de equilíbrio entre os discursos feitos pelos representantes dos países e as iniciativas que essas nações colocam em prática para enfrentar as mudanças climáticas. A Alemanha e os Emirados Árabes forneceram já no primeiro dia da COP a base financeira para o fundo de perdas e danos criado na COP27, aprovado neste ano e que vinha sendo pauta há muito tempo nas COPs, para que os países desenvolvidos compensassem países mais vulneráveis às mudanças climáticas.

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Mesmo assim, Carine observa que é necessário que todos os países poluentes contribuam com o fundo. Alguns países vulneráveis que muito poluem contribuem de maneira muito tímida para as pessoas pensarem que eles estão fazendo a sua parte, mas na verdade possuem muito mais dinheiro e destroem muito mais, levando as consequências para os países vulnerabilizados. Ela entende que essa contribuição é insuficiente e serve apenas para que ganhem visibilidade. “Não há uma ação de deixar o discurso bonito para trás e efetivamente agir. Essa é a grande questão de todas as COPs.”

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