Gazeta – Independente de quem vencer, dificilmente terá maioria automática na Câmara. O senhor também iniciou com minoria e depois reverteu. Vai ter que fazer a mesma coisa, se eleito?
Telmo – Acho que não na mesma proporção. Ter maioria na Câmara é fundamental, tendo em vista o tipo de oposição que acontece aqui. É uma oposição muito radicalizada. Eu penso que os partidos que me apoiam vão eleger boas bancadas, e se não nos derem a maioria, chegarão muito perto. É natural compor, mas não estou preocupado com isso neste momento.
Gazeta – O senhor, em 2012, fez uma campanha muito baseada em redução de despesas. Isso lhe trouxe dificuldades na articulação política. Vai manter essa linha em um eventual segundo mandato?
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Telmo – Não tem como não manter. Até pela crise que está aí. Tivemos diminuição de arrecadação de ICMS e FPM. Arrecadar de onde? Impostos, eu não quero aumentar. Enquanto o Brasil não superar a crise, não há como pensar em ampliar a máquina pública. Essa redução de gastos está nos permitindo ter superavit no fim de ano e fazer investimentos com recursos próprios. Então, os partidos que me apoiam sabem: não contem com criação de novas secretarias, com novos cargos, porque eu não vou fazer.
Gazeta – O senhor assinou um novo contrato com a Corsan e recentemente multou a companhia por atrasos em obras. A ACI já pediu que esse contrato seja denunciado. Como garantir que ele seja cumprido?
Telmo – Eu vou fazer a Corsan cumprir. Assinou, tem que cumprir. Já fiz esse comentário para autoridades do governo do Estado. Nós mudamos o Plano Municipal de Saneamento para fazer exigências maiores à Corsan. O contrato anterior era muito ruim e agora são R$ 170 milhões a mais que a Corsan vai ter que investir. Eu fiz colocar ali um plano emergencial, de R$ 40 milhões em dois anos, e incluí os R$ 20 milhões do Lago Dourado. O problema em Santa Cruz não é de falta d’água, é de operação. E a Corsan está sendo cobrada para cumprir. Municipalizar é uma loucura, porque aí vem uma indenização, assim como aconteceu em Novo Hamburgo. O que a oposição está pregando é uma irresponsabilidade, e eu não sou irresponsável.
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Gazeta – O senhor está assumindo o compromisso de zerar o deficit de vagas na educação infantil, que hoje chega a 700 crianças. Considerando o quadro atual, de dificuldades na economia, como fazer isso?
Telmo – Antes eu quero dizer que, quando nós assumimos, eram 1,3 mil crianças na fila de espera. Criamos 600 vagas. E agora vou tirar a Secretaria de Educação do prédio da antiga Fisc e fazer ali uma grande creche, a maior do município. Ainda não tenho projeção de quantas vagas serão criadas, mas não serão poucas. Ali tem tudo o que precisa. Só não faço isso este ano por causa do calendário escolar, mas quero fazer em 2017.
Gazeta – Mas isso não interfere no plano de expansão do Parque da Oktoberfest que o senhor apresentou?
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Telmo – Queremos criar no entorno do parque algumas condições de ampliação. Mas eu não posso derrubar um prédio desses, se ele está ali construído e pode ser utilizado. A necessidade obriga.
Gazeta – Passada a inauguração da UPA, o que se tornará prioridade em saúde, na sua visão?
Telmo – Ouso dizer que Santa Cruz tem a melhor saúde pública do Estado, pela informatização e por termos dobrado praticamente as Estratégias de Saúde da Família. Isso representa médico em tempo integral no posto de saúde. Precisamos continuar isso. Se não dobrarmos, até o fim do governo, chegaremos a 21 ESFs no mínimo. Antes eram 11, e tudo foi feito com recursos próprios. Temos também que melhorar os contratos com os hospitais. E temos o projeto de um centro para recuperação de pacientes com câncer. É um conceito criado por um santa-cruzense, de um local intermediário entre o hospital e a casa do paciente. Temos um terreno ao lado do Ana Nery e há recursos no Ministério da Saúde para isso. Também vamos buscar recursos para um Hospital Público Veterinário.
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Gazeta – 2016 é o ano mais violento da história de Santa Cruz. Como a Prefeitura pode contribuir para reduzir a criminalidade?
Telmo – A Prefeitura já faz muito. Temos muitos convênios com a Brigada Militar e Polícia Civil e o que for preciso fazer para melhorá-los, vamos fazer. Precisamos aumentar o número de câmeras de videomonitoramento, sem dúvida alguma, principalmente nos acessos para o interior. Fizemos o Centro Integrado de Segurança e Cidadania, no Arroio Grande. Essa integração das forças policiais vai ajudar muito, e nós somos pioneiros nisso. Temos também que aumentar o efetivo da Guarda Municipal e equipá-la melhor. Já tivemos um incremento de 20% no efetivo.
Gazeta – Como o senhor pretende fazer para manter uma boa relação com o funcionalismo?
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Telmo – Sindicato que disser que está satisfeito não é sindicato. Mas eu tenho consciência de que fiz o melhor. Qualquer tipo de comparação com os últimos quatro governos mostra que nós demos os maiores reajustes. Mas eu fiz mais: eliminei o padrão 1 da Prefeitura e coloquei todos os operários, serventes e prestadores de serviços gerais no padrão 2. Isso representou um ganho muito grande para a maioria dos funcionários. Se somar com o piso do magistério, a grande maioria dos servidores foi bem atendida. Algumas distorções ainda têm que ser corrigidas e isso vai ocorrer paulatinamente.
Gazeta – Os professores cobram a regulamentação do piso. O senhor vai fazer isso?
Telmo – O que eu posso dizer é que, enquanto eu for prefeito, o piso será pago. A regulamentação vai depender de posicionamentos do governo federal.
Gazeta – Na área de transporte e mobilidade, quais são seus planos?
Telmo – Continuar o que nós temos feito com bastante coragem. Nós aumentamos o número de vias com mão única, que é algo que precisa ser feito. Implantamos semáforos, faixas elevadas em frente às escolas, 400 rampas para cadeirantes, semáforo sonoro e piso tátil, o avanço de calçadas no Centro para facilitar a vida dos pedestres, incentivamos a recuperação de calçadas, fizemos programas de educação no trânsito, construímos 15 quilômetros ciclovias e ciclofaixas. Tudo isso vai continuar. Estou mandando estudar a viabilidade de instalação de bicicletários, e vamos pavimentar muitas ruas da cidade agora. Nós também conseguimos, depois de praticamente 15 anos, licitar o transporte urbano.
Gazeta – Mas não lhe chamou a atenção o fato de essa licitação não ter tido a participação de outras empresas além das que já operam o serviço?
Telmo – Isso me surpreendeu. Eu preferia, realmente, que tivesse mais interessados. Surpreendentemente, as outras empresas que estavam interessadas se afastaram do processo.
Gazeta – Nesse edital, está prevista uma tarifa de ônibus de R$ 3,65. Não é um valor elevado demais?
Telmo – É um exagero com o qual não posso concordar. Está previsto no edital, mas a homologação depende de mim. E eu já mandei reestudar.
Gazeta – A principal angústia das pessoas é com o emprego. Qual sua estratégia nesse sentido?
Telmo – Vamos continuar tentando atrair empresas. Já estabeleci tratativas com uma empresa de Caxias, que ainda não estou autorizado a dizer qual é. Hoje temos um projeto de uma Plataforma Logística, graças ao empenho da Prefeitura, da Assemp e da Santa Cruz Novos Rumos. Com essa estrutura, não só vamos favorecer as empresas já existentes como atrair novas empresas. Eu vou me dedicar intensamente a esse projeto.
Gazeta – Como conciliar a preservação do Cinturão Verde com a expansão imobiliária?
Telmo – O meio-termo é possível. Santa Cruz tem áreas para onde se expandir sem agredir o Cinturão Verde. Nós, através de decreto, praticamente dobramos o Cinturão Verde. Mas ainda existe uma confusão sobre o que é o Cinturão. Ele está situado nas encostas dos morros, e não nos planos. Estamos reformulando o Plano Diretor, o que vai trazer significativas mudanças nesse sentido, sem impedir a expansão imobiliária.
Gazeta – A vice-prefeita foi, no seu governo, incumbida de um setor específico. Se o senhor for reeleito, vai continuar assim?
Telmo – A Helena (Hermany) é uma expert na área social. Não há pessoa melhor do que ela para isso. A única pessoa que posso dizer que já é secretário escolhido é ela.
Confira as entrevistas com os demais candidatos:
>> ‘A política representativa está falida’, diz Afonso Schwengber
>> ‘A cada ataque ao PT, me fortaleço’, diz Gerri Machado
>> ‘Ou sai a Corsan ou saio eu’, diz Sérgio Moraes
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