Em um ano com tantas perdas e no qual muitos não puderam se despedir como gostariam de seus entes próximos, este 2 de novembro terá um significado mais forte. O Dia de Finados será de cemitérios com medidas de distanciamento ou fechados e com parte dos fiéis em casa para evitar a Covid-19. E também de um profundo luto.
“A pandemia nos colocou diante de uma situação muito difícil”, lamenta o diretor do Departamento de Teologia da PUC-RJ, Padre Waldecir Gonzaga. “As cerimônias exéquias (ritos fúnebres) ajudam a superar o luto, mas também a reconstruir a história do falecido. É um ato doloroso, mas que se torna mais doloroso quando não se pode dar o último adeus.” Por isso, ele percebe que os momentos de retorno dos fiéis às igrejas serão também o de fechamento de feridas ainda abertas. “A morte é um tema delicado, que a pandemia atual escancarou, nos deixando sem possibilidade de realizar um velório.”
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O padre explica que a data tem origem popular e foi apropriada pelo catolicismo entre os séculos 7º e 9º, sendo celebrada posteriormente ao Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro. Mais que luto, contudo, para os católicos é um momento de oração pelos que se foram, de pedir para que tenham a misericórdia divina.
“A Igreja Católica valoriza muito essa data, acredita que as almas, muitas delas, estão no purgatório para chegar até a santidade perfeita e a eternidade”, aponta o professor Felipe Aquino, autor de livros sobre a religião e apresentador na TV e na Rádio Canção Nova.
Ação do papa
Aquino destaca que, excepcionalmente, o papa Francisco decretou neste ano que as chamadas indulgências plenárias (perdão) àqueles que rezam pelos falecidos nos cemitérios poderão ocorrer durante todo o mês de novembro, a fim de evitar aglomerações. Além disso, no caso do grupo de risco, não precisarão ser presenciais e poderão ocorrer em casa, por meio de orações diante de imagens de Jesus Cristo e da Virgem Maria.
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A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas lançaram a campanha #CuidarDaSaudade, em que convida os fiéis a plantarem uma árvore em memória dos entes falecidos. “Plantar uma árvore é sinal de vida, de continuidade. A vida continua através de todos aqueles que ficam e vão estabelecendo história nesta terra”, comenta padre Valeriano Costa, professor de Teologia e pároco da capela da PUC-SP.
O padre explica que o Dia de Finados é destinado aos “fiéis defuntos”, “fiéis” porque foram batizados e “defuntos” porque é “aquele que “cumpriu sua missão”.
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Um dos ritos mais importante é a missa, geralmente celebrada em diversos horários ao longo do dia. Por causa da pandemia, além das celebrações presenciais haverá as transmitidas pela internet, TV e rádio.
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Para o padre, contudo, grande parte dos fiéis deverá ir aos templos religiosos. “Acho que as pessoas ficaram muito feridas, assustadas com essa situação que as impediu de se despedir dos seus falecidos”, diz. “Quem sabe o Dia de Finados vai, de algum modo, trazer algum consolo a essas pessoas.”
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Cura da Catedral da Sé, em São Paulo, o padre Luiz Baronto tem percepção semelhante. “Este ano o Dia de Finados se reveste de um sentido todo particular por causa da Covid-19. Vamos ter um contingente de pessoas falecidas bem maior que nos anos anteriores. A gente acredita que haverá (nas missas) famílias em grande número que foram bastante atingidas pela Covid-19.”
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