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Na nuvem

O final de semana marcou o acréscimo do algarismo 9 antes do número de todos os celulares do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A prática já foi adotada em outros estados em razão da falta de combinações numerais devido ao crescimento do uso – e consequente venda – de celulares no Brasil. Trata-se de um fenômeno que jamais vai terminar.

A novidade chegou a causar pânico entre os usuários, mas graças à tecnologia foi possível a alteração na agenda mediante a instalação de aplicativos disponibilizados pelas operadoras. A mudança implementada a partir da meia-noite do último sábado me levou à reflexão sobre a dependência que se criou mediante o uso das novas tecnologias.

Responda, com toda a sinceridade, sem pestanejar: quantos amigos o caro (a) leitor (a) seria capaz de contatar sem fazer uso da famigerada agenda do celular? Com o advento do onipresente aparelhinho, as pré-históricas agendas de papel foram para o lixo. Para alguns mais saudosos e arraigados à tradição, ainda repousam no fundo de alguma gaveta. Mais em respeito a momentos marcantes assinalados com a caneta do diário.

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Eu ainda não consegui me divorciar daquela agenda em papel do dia a dia, onde marco os compromissos mais importantes, como o aniversário dos meus amigos. Ok… o Facebook avisa, mas no final de semana, feriados ou em viagem, quero distância do smartphone, o que impede a lembrança de efemérides de vulto. E os aniversários de velhos parceiros de vida são datas de valor imensurável!

Há um ano, depois de passar décadas utilizando aparelho de uso corporativo, adquiri um celular novo, sem frescuras, mas com os recursos mínimos que a rotina de jornalista exige. Mesmo para um “dinossauro da comunicação” como eu, com 40 anos de rodagem. Na hora da devolução do aparelho, o desafio foi transferir os quase 3 mil contatos da minha agenda. Toda a minha vida profissional estava ali.

Foram inúmeras sugestões de amigos, curiosos e especialista, até a minha mulher instalar um programa de computador que permitiu a impressão da agenda, o que facilitou sobremaneira a tarefa. Houve problema. Apareceram nomes duplicados, outros foram suprimidos, alguns truncados. Com paciência, aos poucos foi possível reorganizar, mas os transtornos não foram poucos.

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O desenvolvimento tecnológico cada vez mais acelerado permite avanços e comodismos. Mas também incentiva a preguiça, o isolamento e o consumismo exacerbado se não houver controle. O bom- senso, situado no equilíbrio de todas as coisas, como sempre, é o melhor conselheiro. Mas por via das dúvidas, salvei a minha agenda  “na nuvem”…

TI

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