Os imigrantes alemães sempre deram valor à música e ao canto. E isso era transmitido a seus descendentes. Muitas famílias formavam suas bandas e animavam bailes e festas no interior de Santa Cruz.
Foi com esse espírito que Gustavo Beckenkamp ensinou seus filhos e filhas a tocar e cantar. Após o meio-dia, reunia as crianças para uma hora de ensaio e para estudar partituras e aprender as notas musicais. E assim nasceu o conjunto dos Beckenkamp, em Linha Áustria.
Quem conta a história é Elstor Beckenkamp, neto de Gustavo. “Meu pai, Leo, era o filho mais novo. E já aos doze anos tocava em bailes”. O conjunto tornou-se conhecido na região, animando bailes, casamentos e quermesses. Possuía ainda um repertório sacro para missas solenes, procissões e enterros.
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O grupo ia atender os compromissos no lombo de cavalos. No forte do verão, ou no frio do inverno, viajavam de carroça, protegidos embaixo de uma tolda de lona. Os bailes começavam às 20 horas e seguiam até o amanhecer. À meia-noite, havia intervalo de uma hora para o jantar.
Gustavo adquiriu o gosto pela música com seu pai Johann, que veio da Alemanha em 1849. Este, inclusive, já foi tema desta coluna, pois atuou como cocheiro do imperador Dom Pedro II no Rio de Janeiro.
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O conjunto passou por muitas aventuras pelo interior. Em certa ocasião, a carroça em viajavam embalou em uma descida e o contrabaixo (rabecão) bateu em galhos de árvore e voou longe. Sorte que as macegas amorteceram a queda, evitando um prejuízo maior.
Em outra ocasião, voltavam de um baile quando o dia já estava raiando. No alto de um morro, pararam para descansar e resolveram tocar no meio do nada. Para espanto deles, ouviram palmas no fundo do vale. Era um casal que estava ordenhando as vacas e que também ficou espantado e surpreso por ouvir os acordes de uma bandinha na madrugada.
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