Colunistas

Muros e rancores

Historicamente, em todos os tempos e em todos os lugares da terra, o homem sempre ergueu muros e barreiras. Por várias e diferentes razões. Dois são mundialmente conhecidos. A Muralha da China e o Muro de Berlim.

A Muralha da China (8.850 quilômetros) foi erguida ao longo de séculos por várias dinastias chinesas. Basicamente, sua função era a contenção das periódicas invasões dos povos do norte. Hoje é uma atração turística.

LEIA TAMBÉM: Rio: o assassinato dos médicos

Publicidade

De origem e razão político-ideológica pós-guerra, e de cruéis consequências, o Muro de Berlim, porém, depois de sua queda, fez crescer a esperança de um mundo sem barreiras, de livre circulação de pessoas e de ideias. O sonho de um mundo sem fronteiras!

Infelizmente, isso não aconteceu. Afinal, “renovam-se” os velhos e crescem os novos muros. Assim como as variadas motivações, justificações e explicações. São muros reais e virtuais. Diferenças culturais, desemprego, intolerância religiosa, racismo e xenofobia, principalmente. E as leis, quotas de acesso, polícias, serviços de estrangeiros e outros entraves legais sãos os pretextos úteis e necessários.

LEIA TAMBÉM: A desconstrução da credibilidade

Publicidade

Nos Estados Unidos, quilômetros de um muro gigante separam mexicanos de norte-americanos. Há muros na Califórnia, no Arizona, no Novo México e no Texas. “Segurança contra a imigração ilegal”, dizem!
Árabes também constroem muros. A Arábia Saudita construiu o seu na fronteira com o Iêmen. E constrói outro na divisa com o Iraque. E não descarta novos muros na vizinhança.

O Marrocos levantou um no Saara contra a Frente Polisário – um movimento político revolucionário que luta pela separação do Saara Ocidental, sob domínio marroquino.
Impossível esquecer os muros e as cercas que separam as Coreias do Sul e do Norte. Também no Chipre há um muro que divide as comunidades grega e turca da ilha. A Turquia não abre mão de um terço da ilha!

No Oriente Médio, amplia-se a tensão e a distância entre judeus e palestinos. A motivação mais frequente são os muros nos territórios ocupados da Palestina. São os muros da ocupação e do “apartheid”!
Mas nós nem podemos criticar os outros povos. O que são nossas favelas? Nossos muros, cercas elétricas e câmeras de vídeo? Nossos cães ferozes e guardas armados? O que é a ostensividade física dos novos condomínios horizontais? Ora, temos o nosso próprio “apartheid”!

Publicidade

Lenta e paulatinamente, os muros reais “concretizam” outro muro no coração das pessoas e dos povos. Tijolo a tijolo imaginário, fortalece-se o muro da marginalização, da indiferença, da discórdia e da violência.
Sob o título “Um muro dentro de nós”, o texto acima foi escrito há 13 anos, aqui nesta mesma coluna semanal. Não há nada de novo no mundo!

LEIA OUTROS TEXTOS DE ASTOR WARTCHOW

Quer receber as principais notícias de Santa Cruz do Sul e região direto no seu celular? Entre na nossa comunidade no WhatsApp! O serviço é gratuito e fácil de usar. Basta CLICAR AQUI. Você também pode participar dos grupos de polícia, política, Santa Cruz e Vale do Rio Pardo 📲 Também temos um canal no Telegram! Para acessar, clique em: t.me/portal_gaz. Ainda não é assinante Gazeta? Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Publicidade

Guilherme Bica

Share
Published by
Guilherme Bica

This website uses cookies.