Quarta-feira passada me desloquei a Porto Alegre por motivos profissionais. Eram 17 horas e eu estava trafegando pela BR-386 próximo a Montenegro. Quilômetro 405, para ser mais exato. Estava chovendo um pouco, porém a visibilidade era muito boa.
Uns 200 metros à frente estava um Renault Sandero de cor prata. Não me parecia estar em alta velocidade, pois eu estava numa velocidade de 100 km/h (limite permitido) e a distância entre os carros se mantinha constante. O trecho naquele local é plano, reto e aparentemente estava em bom estado de conservação.
Eis que, para meu espanto, este Sandero invade a pista de sentido oposto e bate de frente com o carro que vinha trafegando na pista da direita. Foram dois segundos. Tudo muito rápido. Uma colisão violenta. Dois carros subiram ao se chocar e dois emaranhados de aço contorcido desceram. Não pude acreditar no que estava acontecendo bem na minha frente. Viagem tranquila, música agradável e, num piscar de olhos, uma cena trágica
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Ainda chocado, acionei o pisca-alerta e dei o retorno para ver se haveria algo que pudesse ser feito. Quase que imediatamente, vários carros e caminhões pararam. Resultado: os dois ocupantes do Sandero morreram na hora e o motorista do outro veículo foi transferido para o Hospital de Montenegro com vida e consciente. Mas não tive informação sobre seu estado de saúde.
No restante da minha viagem após o acidente não teve mais música. Somente o silêncio ensurdecedor dos pensamentos tentando processar tudo aquilo que havia acontecido. Numa fração de segundos tudo pode mudar em se tratando de trânsito. Por que motivo aquele carro teria invadido a pista oposta?
Aquaplanagem, pneus carecas, embriaguez ao volante, celular, suicídio, tantos poderiam ter sido os motivos. Pior ainda foi pensar no motorista do carro que foi atingido. E se fosse eu? E se eu estivesse de moto, como tantas vezes o faço?
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Sessenta mil pessoas morrem no trânsito do Brasil. São 165 por dia. Há imprudência? Há. As condições das rodovias são péssimas? Via de regra, sim. Todo mundo sabe disso. E mesmo assim os motoristas continuam imprudentes, bebendo, no celular, sem fazer manutenção em seus carros que levam suas famílias. Humanos sendo humanos. Porém há humanos que fazem o oposto disso e mesmo assim são vítimas do acaso.
Por isso penso que segurança passiva é fundamental. Para que quando haja um problema, seja por imperícia, imprudência ou pelo azar, que o dano seja o menor possível. Duplicar a rodovia é fundamental. Nossa RSC-287 é uma vergonha. Vergonha paga, ainda por cima. Pagar R$ 7,00 por uma pista ruim, única e lenta não tem cabimento. A BR-386, onde aconteceu o acidente, é duplicada. Mas somente poucos trechos têm canteiro central ou muretas.
Se houvessem muretas na BR-386, quantas vidas já teriam sido salvas? Quantas famílias não teriam que lidar com a perda precoce de pessoas jovens? Essas duas pessoas que morreram na minha frente não foram salvas. Não havia muretas no local.
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